Este era o panorama na Célula no fim da noite que ficou marcada na história da música catarinense. Queiram ou não, nossa digital está impressa e para falar de música em SC não se pode negar que o Clube da Luta foi uma das iniciativas coletivas mais bem sucedidas em angariar público e visibilidade para a música autoral feita aqui.
Mais de 700 pessoas circularam pela Célula na ultima sexta, 18 de setembro, para o enterro do Clube da Luta. Logo na entrada pude cruzar alguns escassos mau-humorados que compareceram só para urubuzar o defunto e certificar-se de a morte era fato consumado. Mas a imensa maioria foi, é claro, para curtir e saiu de alma lavada pois este é o espírito da coisa.
Eram 22:30 hs e a fila já estava formada na entrada da Célula. A banda Tijuquera subiu ao palco aos 15 minutos após a meia-noite iniciando a maratona com uma bela resposta da rapeize que chegou junto e não arredou pé até o último show com a Samambaia Sound Club.
12 bandas se revezaram no palco sem atrasos e nem maiores problemas. Tudo correu perfeitamente e o público ensandecido fez com que os músicos dessem o melhor de si em performances intensas de 12 minutos para cada banda.
Gastão Moreira, um entusiasta de primeira hora, estava lá feliz e foi lembrado por Márcio Costa na abertura do evento. A presença do ex-VJ da MTV - parceiro na criação da Célula e no projeto - comprova o fato de que sua saída da sociedade que mantém o bar Célula não foi nem traumática e nem belicosa como querem algumas más línguas, geralmente escondidas no anonimato.
Agora o coletivo musical se reagrupa sob a marca Escute e bola pra frente. Márcio da Costa falou um pouco sobre o futuro em entrevista para Marcos Espíndola, que reproduzo aqui, junto com matéria do Patrola feita na festa.
Contracapa – Bom, o “morto” ainda não esfriou, mas, com o fim do Clube, o que surge no horizonte?
Marcinho Costa – Surge o selo ESCUTE!. Esse é o nome que escolhemos para chamar nosso coletivo de bandas. Todos os shows, lançamentos de CDS e festas produzidas por nós (bandas e produtores do Clube da Luta) vão levar esse selo e, diferente do Clube, isso não vai acontecer só na Célula. E morre, também, qualquer tipo de regra.
Contra – O projeto ESCUTE! parece muito mais desafiador, uma evolução da proposta do Clube que aponta para um caminho há muito já cobrado; a profissionalização e a prospecção de mercados. Qual a estratégia de vocês para que não ocorra com o ESCUTE! o desgaste natural (porém muito rápido) e a consequente desmobilização que vimos com o Clube?
Marcinho – O único desafio é continuar lutando! A estratégia é muito simples: deixar as regras de lado pra dar mais liberdade de intercâmbio entre os artistas que consideramos interessantes. Porém, para aqueles que achavam que o CLUBE veio “salvar a lavoura”, lembramos que isso nunca foi dito por nós, nunca nos consideramos um movimento, nunca nos consideramos uma cena. Se for pra rotular, diria que somos um coletivo de artistas gritando juntos, e assim será o selo ESCUTE!
Contra – Os críticos do Clube, e também ex-signatários, dizem que o projeto ficou muito aquém do seu propósito inicial, que era divulgar a música de Santa Catarina e defender a causa da música autoral no Estado, mas acabou se tornando uma “panela de algumas bandas”. Assim como você, vejo que o projeto atingiu um ápice e desgastou-se, a ponto de virar apenas uma festa. Mas acumulou vitórias em tão pouco tempo. O que faltou conquistar?
Marcinho – Será? Será que as bandas e o próprio Clube da Luta não divulgaram a música de Santa Catarina? Posso falar pelo Tijuquera, que chegou até a Alemanha tocando música autenticamente Catarina. E tenho notícias vindas do Dr (Guilherme) Zimmer (Insecta/SC Conectada) que, em muitos festivais de música por todo Brasil, pergunta-se pelo Clube da Luta e, também, pela Célula Cultural, sede oficial da festa.
Contra – Embora bons provocadores, vocês não engoliram bem as críticas. Abra o coração, Marcinho, qual a autocrítica que você faz a respeito destes três anos?
Marcinho – Nossa ingenuidade talvez tenha sido esperar um entusiasmo cultural na cidade na mesma proporção de aumento de pessoas vindas de outros lugares, principalmente metrópoles do nosso país. Percebemos o contrário: quem vem viver e conhecer a Ilha não procura a cultura daqui, mas sim, praias (ainda) limpas e entretenimento fútil estilo Miami. Não teve exatamente um estopim para o fim, só uma jogada de marketing pra transformar uma marca em outra.
3 comentários:
foi lindo, ulaissa!!!
e acho que o clube da luta proporcionou momentos incríveis para quem produz e consome música em santa catarina desde sempre. mais, destaco cinco noites inesquecíveis pra a música de nosso estado: as duas primeiras datas do clube (setembro de 2006), as duas noites consecutivas de comemoração de um ano do projeto e sua data de assassinato/velório/enterro (como queiram).
valeu, rapazi!!! foi eterno enquanto duro!!!
e agora vamos semear o amor!!!
coisa mais linda, uma das festas mais bonitas q ja vi em floripa!
rapaziada alto astral, ótimos shows e produção de primeira.
que venham outros, mesmo com outros nomes!
Sem comentários!
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