sábado, 31 de março de 2007

Piada sem graça




Amanhã, 1 de abril, seria a data correta para alguns espíritos de porco comemorarem os 43 anos do golpe militar. Essa coincidência sincrônica foi passada na história oficial para 31 de março por motivos óbvios de "força maior". Os filhos e netos dos vendidos e até uns "democratas" que participaram ativamente dessa patuscada abominável ainda estão aí, clamando pelo Estado menor e pela livre iniciativa, ao mesmo tempo em que mamam no BNDES, no Banco do Brasil e nas verbas publicitárias governamentais, chupinhando a Nação. Por gerações e gerações as cartas sempre estiveram marcadas. O jogo estava ganho na saída, sempre favorável para poucos. Sempre os mesmos. Agora bota a mão na consciência, dá uma caminhada pelas ruas, informe-se e diga que nada mudou.
Hoje lembro Edgar Alan Poe e digo junto com o corvo: Nunca mais!

Lula lá




Dizia Jimi Hendrix na sua groovada e deliciosa música Power of Soul com a Band of Gypsys: " With the power of soul, anything is possible!"*. E para embalar o sabadão de sol, trago esta história contada por Ricardo Amaral, interino de Franklin Martins no site que o atual Secretário de Comunicação do governo Lula tem no IG. Ricardo a ouviu do governador petista Marcelo Déda, membro da comitiva brasileira na Assembéia Geral da ONU em setembro de 2003, quando ainda era prefeito de Aracaju.


Fim de jornada, Lula chama o prefeito Déda à suíte do hotel, para curtir a repercussão do seu primeiro discurso na ONU. O presidente está à vontade, de calção preto e camisa do Corínthians, fumando sua cigarrilha holandesa.

- Ô, Dedinha, sabe o que eu estou imaginando agora? O pessoal no bar lá em São Bernardo, vendo pela televisão o Lulinha aqui falando na ONU. Sabe o que pessoal deve estar pensando lá em São Bernardo? Você imagina, Dedinha?

O prefeito de Aracaju faz um conveniente silêncio, antes de Lula concluir:

- Eles estão pensando: nada é impossível...

O chanceler Celso Amorim interrompe o devaneio para lembrar que Bush está oferecendo um jantar aos presidentes estrangeiros no Waldorf Astoria.

- Ô, Celso, quantos presidentes vai ter lá?

O chanceler calcula que, por baixo, uns cem chefes de Estado devem comparecer à recepção.

- Isso tudo? Então o Bush nem vai reparar na minha ausência, não é, Celso?

E de volta ao devaneio:

- Nada é impossível nesse mundo, Dedinha. Nada. É nisso que o pessoal deve estar pensando lá em São Bernardo.



Para alguns pobres de espírito é munição. Que meçam e julguem os outros como lhes agradar e com seu metro falho. Ó seres imaculados...hahaha. Um bom fim de semana pra todos.

* " Com a força da alma tudo é possível".

sexta-feira, 30 de março de 2007

Os Dinossauros também amam





Do MUJA - Museo del Jurásico de Asturias da Espanha. Via Sexoteric Blog.

Quarta Guerra Mundial



Essa li no blog Diário Gauche.


O Subcomandante Insurgente Marcos, reconhecido como porta-voz do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), em conferência organizada pelo Centro de Análise Políticos e Pesquisas Sociais (CAPISE) que reuniu lideranças latino-americanas da Via Campesina, afirmou que entramos na era da IV Guerra Mundial, na qual o "inimigo" é o planeta e não apenas os seus habitantes, mas também tudo que está nele: a natureza.

A conferência "A guerra de conquista sobre o campo mexicano" foi publicado na íntegra pelo diário mexicano La Jornada, do último dia 26/3. Abaixo, trechos da fala de Marcos.



Sobre a Guerra Neoliberal

A etapa atual do capitalismo é, no sentido estrito, uma nova guerra de conquista. A IV guerra mundial, uma guerra em todas as partes, o momento todo, de todas as formas. A mais mundial das guerras. O mercado converte em mercadorias bens que antes eram ignorados ou permaneciam fora do circuito mercantil.

Assim, a água, o ar, a terra, os bens que estão no subsolo, os códigos genéticos e todas essas "coisas", que antes eram desconhecidas ou careciam de valor de uso e troca, converteram-se durante os vertiginosos últimos anos em uma mercadoria.

A mercadoria que permanece, apesar das mudanças e dos avanços tecnológicos e informacional é a força de trabalho, as trabalhadoras e os trabalhadores do campo e da cidade. O sonho capitalista de um mundo sem trabalhadores, apenas com robôs e máquinas que não exijam os seus direitos, nem se sindicalizem e façam greves é isso: um sonho. Outro mundo apenas será possível sobre o cadáver do capitalismo, como sistema dominante.

A globalização do capital destruiu as fronteiras nacionais e reacomodou o mundo. A lógica do mercado é agora o que determina as relações internacionais e as relações dentro dos moribundos Estados Nacionais.

A lógica do mercado esconde, por detrás de sua aparente inocência, a lógica da exploração, da espoliação, da repressão e do desprezo, ou seja, a lógica do capitalismo. A riqueza capitalista tem como origem o roubo e a exploração.

A revolução tecnológica e informacional trouxe consigo a possibilidade da simultaneidade e a onipresença do capital, fundamentalmente do seu setor mais emblemático: o capital financeiro.

Na Globalização Econômica Capitalista, ou seja, na IV Guerra Mundial, o "inimigo" é o planeta, não apenas os seus habitantes majoritários, mas também tudo que está nele: a natureza.

O Imperialismo mudou as suas formas de guerrear, mas o amo segue sendo o capital e seu imperador vitalício, o capital financeiro.


Concordo mas acrescento que o "inimigo" e o "Imperialismo" também estão dentro de nós. Auto-conhecimento é a chave da vitória nessa guerra.

Triste notícia

Quem encontrei também ontem nos shows da escadaria do Rosário, foi o Chico. O cara é um grande tatuador e organizamos muitas festas quando fui gerente de um bar. O Chico tá morando em Londres e divide um apartamento com o Lucão, um amigo de grande coração, excelente editor de vídeo e neto do poeta Manoel de Barros. A notícia triste que o Chico me deu foi que o Lucão estava voltando pro Brasil naquele momento por que o pai dele acabara de falecer num acidente aéreo. Ficamos todos aqui muito chocados e tristes. Desejo muita paz pro Lucão e sua família neste momento de dor.

O primeiro degrau




Bem ao sabor dos tempos segue uma clássica HQ dos Fabulosos Freak Brothers. É só clicar na imagem para ampliar.

Alea Jacta Est




Tenho grandes mestres, e eles me ensinaram que a História é feita pelo indivíduo. Podemos interferir e mudar. Pra mim não é uma questão de fé, e sim de verificação atráves da tentativa e erro. Sou um empírico. Começo o post assim, inspirado por um e-mail de um colega músico que pergunta se eu realmente acredito na atual efervescência da música catarinense e se não acho que isso é só "um sonrisal num copo de Coca". Reafirmo: " A música catarinense vive um momento efervescente". E o movimento é sólido. Ontem tive mais uma prova disso. As bandas Andrey e a Baba do Dragão de Komodo, Samambaia Sound Club e Siri Goiá reuniram cerca de 300 pessoas, segundo o Data Esquerda Festiva, fora as que circularam numa apresentação na escadaria do Rosário, ponto tradicional no Centro da Capital Catarinense. O evento foi organizado e bancado pelos músicos mas shows gratuitos ao ar livre deveriam entrar no calendário cultural da cidade e ter apoio oficial e da iniciativa privada.

As pessoas estão ao pouco conhecendo o som que está sendo feito pelos músicos locais, algo semelhante ao que aconteceu nos anos 90, depois que surgiu a banda Dazaranha. Ontem na escadaria do Rosário estavam estudantes, pessoas que saíram do trabalho, crianças, idosos, familiares dos músicos, músicos, fãs, escritores, cineastas, e muito gambá caseiro* voltando a sair da toca. Revi meu velho camarada Zezão, ex-baterista da Motherfucker, que há anos não toca e me disse que amanhã está reunindo-se com o Alexandre Iron para fazer um som! A cena está nascendo e os bares, que como dizia o nome daquele disco do Frank Zappa só estão nessa only for the money, que abram os olhos.



* indivíduo que só faz festas no seu lar ou de outrem. Ou indivíduo que compra sua birita no atacado e bebe em casa, sozinho ou com outros gambás.

quarta-feira, 28 de março de 2007

No Brasil não existe racismo...


...já diria Ali Kamel. Esse quadrinho do Reinaldo, aquele que hoje participa do chatérrimo Casseta & Planeta, foi publicado no suplemento Jam, que fazia parte da fantástica Chiclete com Banana. Muitos anos antes daquela banda "emporcalhar" o nome como diria o Angeli, o cartunista lançou uma revista que reunia gente como ele, Laerte, Glauco, Fábio Zimbres e outros ótimos artistas. Chiclete com Banana foi um sucesso editorial embalado pelo Plano Cruzado do Sarney. Com um dinheirinho sobrando no bolso a classe média foi às bancas. As tiragens ultrapassavam os 100 mil exemplares. Imagine, isso com um conteúdo pra lá de anárquico. Foi lá que ouvi falar pela primeira vez nos beatniks. Eram quadrinhos da maior qualidade, sexo, drogas e rock'n'roll, política, humor ácido e tudo mais que a Esquerda Festiva gosta. Lembrando que clicando na imagem ela é ampliada



terça-feira, 27 de março de 2007

A Taça é nossa!




Não sou o primeiro a vir com as últimas mas não posso deixar de registrar que Samambaia Sound Club venceu o concurso Paredão Telecom de bandas de rock, no último fim de semana em Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul. É a força da música catarinense que vive um momento efervescente. Parabéns Samambaios!

Meritocracia

Saiu hoje na coluna da Juliana Wosgraus no DC:

Convite

Márcia Mell recebeu convite para fazer uma participação especial como atriz na peça E Agora o que eu faço com o pernil?, comédia que depois deste final de semana em Floripa, estará em cartaz em Joinville e Blumenau. Mas nestas cidades ainda sem data definida.

De qualquer maneira o convite, feito pelos atores Rosamaria Murtinho e Mauro Mendonça, devido à sua participação no musical Cleópatra, já está aceito.


Pra quem não sabe a fofucha é filha do governador Luiz Henrique da Silveira e tem tanto talento quanto um pé de alface. Na posse de papai errou a letra e desafinou dolorosamente ao cantar o Hino Nacional.

A Rosamaria Murtinho e o Mauro Mendonça devem estar querendo é ganhar uns 500 mil reais da Fundação Catarinense de Cultura(?) assim como a Vera Fischer ganhou no ano passado para uma turnê fracassada.

domingo, 25 de março de 2007

No meu, no seu, no nosso



Reportagem de Carta Capital desta semana mostra que o Banco Central faz reuniões secretas com executivos de grandes bancos. Como informa a revista ," as ligações estreitas entre o BC e o mercado, no Brasil, não têm paralelo no mundo. Nos Estados Unidos, reino do capitalismo financeiro, o presidente e os governadores do Federal Reserve (Fed) estão submetidos a duras regras. Além de um código de conduta rigoroso, explicitado nos sites de todas as regionais do Fed, duas vezes por ano, o presidente da autoridade monetária (Ben Bernanke) é obrigado por lei a dirigir-se ao Congresso para explicar os objetivos e os resultados da política monetária, com ênfase nos efeitos sobre o crescimento e o desemprego."


Leia mais aqui.

Confronto

Briga das boas rolando. Luiz Carlos Azenha, repórter da TV Globo e blogueiro no G1, versus Reinaldo Azevedo, boca-de-aluguel daquela revistinha que editorializa até resenha de música clássica. O Azenha é um jornalista de fina estirpe, um cara que vai pra rua, investiga, é atuante e além de ter um blog bom paca, criou o Sivuca, um portal que reúne outros bons blogs. Já o Reinaldo Azevedo é aquele que afundou a revista Primeira Leitura, que era digamos o Pravda do PSDB paulista. Um cara que vive no ar-condicionado, atrás de vidros fumê, dentro das cercas de condomínio.Ah e ele tem um blog no site daquele almanaque dos quatrocentões, de onde dispara seus ataques verbais.

Como se tratam de dois caras muito inteligentes, é certo que nenhum deles ganhará a discussão, mas os métodos, argumentos e principalmente motivos fazem toda a diferença né não?

Daza




A mais famosa banda de rock de Santa Catarina, a Dazaranha, vai realizar, nos dias 4 e 5 de abril, os shows de lançamento de seu álbum Paralisa no Teatro do CIC. Quem informou a Esquerda Festiva foi o vocalista e compositor Gazu, que encontrei na quinta à noite no estúdio Lemory. Para a produção do álbum da banda foi escolhido dessa vez Ricardo Vidal, que trabalha com o Rappa e tem um estúdio em Balneário Camboriú. A presença do produtor se nota em vários detalhes eletrônicos e na enxutez dos arranjos. Estou ouvindo e curtindo o disco que tem muitas músicas como já é de praxe na banda. Dessa vez são 16 faixas das quais destaco Jeffrey's Bay, música antiga que a banda toca desde os primórdios de sua história, O Samba e o funk Durma Bem, cantado pelo guitarrista Chico e que tem a participação da filhinha dele na introdução. Estaremos lá.

Dá-lhe banho de sal grosso



Floripa zicou o Gilberto Gil com a Imigração Norte-Americana. O músico e Ministro da Cultura foi detido pelas autoridades da imigração dos EUA. Licenciado do Ministério e viajando em turnê musical, Gil foi interrogado em sala particular, no último dia 13, chegando ao aeroporto Fort Worth, em Dallas. O problema da imigração dos Estados Unidos com Gilberto Gil o acompanha desde que ele foi preso com maconha em Florianópolis, há 31 anos atrás, informou a assessoria do ministro/artista. O episódio foi registrado no documentário cinematográfico Os Doces Bárbaros de Jon Tob Azulay. E os camaradas da Esquerda Festiva, os atuantes jornalistas Fábio "Mutley" Bianchini e Marcos Espíndola, do Diário Catarinense, escreveram uma bela e extensa matéria relembrando o caso. Foi publicada na revista BIZZ no ano passado.

Dizem que Gal e Bethânia nunca mais fizeram shows na Capital Catarinense em represália. Mas no mês que vem a birra parece que vai acabar. Está sendo anunciada a inauguração de uma casa de shows com uma apresentação de Gal.

quarta-feira, 21 de março de 2007

Réquiem para um Soulman





No último dia 15 de março completaram-se 9 anos(!) da passagem de Sebastião Rodrigues Maia desta para melhor. Mais conhecido como Tim Maia, o emblemático soulman brasileiro está sendo biografado pelo jornalista Nélson Motta.

Pois visitando o blog do músico e escritor Henrique Bartsch, autor de Rita Lee Mora ao Lado, li um post em que ele publica um trecho da história do Tim, enviado pelo próprio Nélson. Saboreie. É um post grande mas vale a pena. No fim do arco-íris tem um pote de ouro.


Tim Maia Disco Club, 1978, 123 quilos

Em janeiro de 1978, Tim partiu para São Paulo para fazer uma apresentação no programa do Chacrinha, na TV Tupi. Para aproveitar as passagens e a hospedagem por uma noite no Hotel San Raphael, avisou à banda que ficariam mais dois dias em São Paulo, para gravar o disco no Estúdio Gazeta, “o melhor do Brasil “. Já estava tudo acertado, ele tinha telefonado do Rio marcando os horários, gravariam o disco todo de uma enfiada, em dois dias, todos juntos, como se fosse ao vivo, a banda estava preparada.

E assim foi, ou quase. Em dois dias, todos juntos no estúdio, com painéis separando os instrumentos para evitar vazamentos de som, gravaram as onze bases e algumas vozes de Tim, mas não deu para terminar tudo e mixar, como ele queria. O horário terminara, outros músicos esperavam ansiosos para entrar. E pior, Tim pagara o estúdio em dinheiro, antes de começar a gravar, estava zerado.

Réu confesso de ter faltado a diversos shows, muitas vezes Tim foi vítima de empresários e produtores trambiqueiros, que se aproveitavam de sua má fama para tentar explorá-lo. Para se proteger deles, criou uma senha de retirada, caso o contratante não aparecesse com 50% do levado em dinheiro vivo antes do show. Bastava gritar ou sussurar “estratégia“ que o pessoal nem tirava os instrumentos das caixas e começava a andar acelerado para o ônibus.

Assim que voltou ao hotel San Raphael, não deu outra:

Estratégia!

Aí, rapaziada, é o seguinte: embala tudo que a gente “vai fazer um show“, Tim deu a senha para a retirada.

Foi o que ele disse na recepção enquanto os músicos faziam uma confusão proposital na saída para esconder as sacolas de roupas misturadas com as caixas de instrumentos. Deixou a chave do carro alugado na recepção, pago com um cheque sem fundos, e partiu.

Como era tarde e precisavam dormir em São Paulo, Tim seguiu a sugestão de um motorista e foi com a banda em dois táxis para um muquifo numa zona distante e perigosa, mas a salvo dos cobradores do San Raphael. Sob protestos, os músicos passaram a noite amontoados em dois quartos do puteiro infecto.

De manhã, novo problema, alguns músicos ameaçaram se amotinar quando Tim disse que não voltaria para o Rio de avião e queria que pelo menos parte da banda o acompanhasse na viagem de volta no seu carro novo.

Que carro novo, Tim?

Na esquina do hotel, uma agência vagabunda de carros usados exibia um Ford Galaxy reluzente, em estado de novo, pouquíssimo rodado, de um único dono, a preço de promoção. Tim adorou o carro, era grande e confortável como ele gostava; o vendedor ficou encantado em conhecer o Tim Maia, ganhou uma capa de disco autografada e 50% do pagamento com a mesma assinatura em um cheque voador.

Na estrada desde as 10 da manhã, com Tim dirigindo a 60 km por hora, os músicos dormiam amassados no carrão, quando desabou um temporal e o Galaxy enguiçou numa serra nas proximidades de Resende. Entre conseguir uma carona, encontrar um mecânico e o carro voltar a rodar, passaram-se mais de cinco horas, só conseguiram chegar em casa às duas da manhã, com Tim praguejando contra a agência de automóveis que lhe “vendera“ uma bomba.

O rei do soul não considerava a discoteca música de branco, das cocotinhas da Zona Sul; para ele, ela não era oposta mas complementar ao soul negro da galera da Zona Norte, Tim se sentia muito à vontade ao lado de Kool and the Gang e do Chic:

Faço música de preto. E os pretos precisam se convencer que chegaram ao mundo dos brancos acidentalmente, em navios negreiros. Olha só isso que chamam de movimento Black Rio: os negros não passam de xerox dos americanos que, por sua vez, imitam aos brancos. Não sacam que o negócio é voltar para a África.

Gravado em 1978, o Tim Maia Disco Club seria um dos melhores discos de sua vida e marcaria sua entrada triunfal na onda da disco music e o início de sua colaboração com o tecladista e arranjador Lincoln Olivetti, um dos mais talentosos estilistas do Brasil, com quem faria muitas das melhores gravações de sua carreira.

A seleção carioca do soul entrou em campo com sua força máxima, com Paulinho Braga na bateria, Jamil Joanes no baixo, Robson Jorge no piano, Piau na guitarra, Chacal na percussão, Serginho Trombone, Paulinho Trumpete e (sax) no naipe de metais, sob a batuta, o Fender Rhodes e o Clavinet de Lincoln Olivetti.

No estúdio Level, em Botafogo, o guitarrista Renato Piau viveu momentos de grande emoção e suspense, durante a gravação da sua Pais e filhos, feita em parceria com Arnaud Rodrigues. Com a base gravada, Tim chamou o maestro argentino Miguel Cidras para escrever o arranjo de cordas, segundo as suas orientações. Quando o maestro abaixou a mão e os violinos tocaram, Tim não gostou do que ouviu, não era nada daquilo que esperava. Em certas partes as cordas faziam a mesma melodia que ele cantava, se confundiam com sua voz, quando deveriam ser em contra-canto.

Quando a gravação das cordas terminou, o produtor Guti Carvalho, pelo microfone da técnica, chamou o maestro para vir ouvir o resultado. Tim soltou os cachorros:

Pô, Guti, já te falei prá não chamar esse cara, mermão. Ele faz esses arranjos quatro-quatro-meia e assim não dá pra cantar.

Guti esquecera o microfone aberto e não só o maestro como toda a orquestra ouviram a esculhambação em alto volume. Miguel era um lourão corpulento, sanguíneo e cabeludo e, botando fogo pelas ventas, invadiu a técnica berrando em portunhol:

Hijo de uma puta! Yo te fuedo Tín Maia !

Não era para menos, quatro-quatro-meia, na língua de Tim, era o que nem chegava a cinco, era menos do que mais ou menos.

Miguel agarrou Tim numa gravata e derrubou como um touro de rodeio, enquanto Guti e Piau tentavam desapartar. O gringo estava furioso e Tim, de língua de fora, sufocava, esperneava e gritava tira esse cara daqui!

A muito custo o cara foi tirado dali e a gravação foi encerrada. Foram todos para uma salinha que André Midani havia cedido na casa da Warner, para ser o escritório de produção durante a gravação do disco. Um garrastazu oficial.

O clima estava pesado, mas foi logo aliviado com a visita do amigo Maurício do Valle, o querido Maurição, um grande ator baiano que se celebrizara como o Antonio das Mortes de Glauber Rocha e que também gostava de dar seus tirinhos fora da caatinga e das telas. Maurição foi recebido como um mensageiro da alegria, apresentou um gordo papelote de pó de primeira e a festa começou. Mais à vontade, Tim decidiu:

Ô Guti, esse Miguel é mesmo muito quatro-quatro-meia, mermão. Manda trazer o Lincoln Olivetti pra escrever essas cordas.

Com Lincoln vieram uma nova riqueza nos arranjos, um fraseado mais sofisticado de metais, o batidão disco se incorporava à levada do funk-samba-soul com naturalidade, a massa de cordas se desenvolvia em espirais vertiginosas, melhor e mais dançante do que aquilo, só o Earth, Wind and Fire. O disco abria com três clássicos, em seqüência, feitos para dançar. “A fim de voltar “ e “ Acenda o farol “, duas discos empolgantes, marcadas por cordas velozes e sinuosas, emendavam com o funkão pesado “ Sossego “, uma de suas obras-primas, com seu groove hipnótico e seus riffs de metais em brasa. A letra era uma síntese absoluta, um hai-kai carioca:

Ora bolas, não me amole,
com esse papo de emprego,
não tá vendo, não tô nessa,
o que eu quero é sossego !

Era só isso, e tudo isso. Não precisava mais nada, estava dado o recado. Não havia festinha, boate, bailão ou discoteca em que a pista não estourasse quando Tim pedia sossego ou dizia que estava a fim de voltar ou mandava, se o pneu furou, acender o farol.

Sossego foi uma das musicas mais tocadas do ano, um dos grandes sucessos da trilha sonora da novela "Pecado Rasgado" e do filme “Nos embalos de Ipanema“, de Antonio Calmon.

Tim estava estourado no Brasil inteiro, fazia um show atrás do outro sem faltar nenhum, mas os problemas não faltavam. No ginásio do Guarani, em Campinas, não foi nem o caso de estratégia. Foi muito pior.

Tim estava ansioso para fazer um show legal para o povão que lotaria o ginásio, cantar os seus sucessos e experimentar as novidades com a Vitória Régia. Eles eram a atração principal, entrariam por volta de meia-noite, depois de várias bandas locais. Onze horas o empresário os pegaria no hotel. Com o levado, naturalmente.

Uma da manhã e nada. Tim pronto, a banda inquieta, tensão no hotel. Às duas da madrugada finalmente o homem apareceu, transtornado. Alguma coisa dera muito errado, menos público que o esperado, roubo da bilheteria, calote de um patrocinador, o empresário tentou ser semi-correto e ofereceu pagar 50% do cachê a Tim - para não fazer o show. Tinha seus motivos, mas Tim insistiu, já que havia feito a viagem e estava esperando até aquela hora, louco para cantar, concordou em receber metade do levado - mas faria o show inteiro.

No ginásio, os ânimos estavam exaltados. Por volta de uma da manhã, como Tim Maia não aparecia, o público começou a vaiar e a gritar pelo dinheiro de volta, choveram garrafas, brigas estouraram, a polícia interveio várias vezes, mas os mais furiosos resistiam.

Quando Tim e a Vitória Régia chegaram, o chão estava coberto por cacos de vidro, o povo gritava furioso, o empresário implorou que ele não entrasse no palco. Tim mandou ligar o som e que a banda atacasse a introdução de “Não quero dinheiro“. Entrou sob uma gritaria infernal e, mal começou a cantar, uma garrafa jogada da arquibancada explodiu a seus pés. Outras se seguiram, sobre os músicos, os instrumentos e equipamentos, nem foi preciso gritar “estratégia“. Todos fugiram para o camarim aterrorizados, choviam garrafas sobre o palco, a turba gritava “quebra!“, “mata!“, “toca fogo!“

Enquanto os bombeiros tentavam esfriar a massa enfurecida com jatos de água, protegidos por um batalhão de choque da PM, Tim e os músicos embarcaram num camburão, o único meio seguro de levá-los vivos de volta ao hotel.

Foi a única vez que Tim ganhou para não fazer um show e ainda andou no banco da frente de um camburão.


Baixe Tim Maia Disco Club aqui.

O Príncipe



No fim dos anos 60 Ronnie Von gravou alguns discos psicodélicos que na época foram um fracasso comercial mas 30 anos depois despertaram o interesse daqueles que gostam de beber nas inesgotáveis águas da Música Brasileira. E eles estão espalhados pelo Brasil. Como mostra a jornalista e "ativista" cultural Flávia Durante que acaba de lançar um tributo à fase psicodélica de artista: 2 discos que estão disponíveis para download no site www.ronnievon.com. A homenagem reúne artistas do Pará ao Rio Grande do Sul.

Nos anos 60, o cantor tinha um programa de TV que rivalizava com o Jovem Guarda do "Rei" Roberto e ganhou da Hebe a alcunha de "Príncipe", o que obviamente nunca o agradou.
O hoje pacato "mãe de gravata" foi quem batizou um trio de adolescentes que tocavam no seu programa. Os moleques viraram Os Mutantes, aqueles mesmo, e chegaram a gravar algumas sessões dessa fase psicodélica do cantor.

No site Senhor F o músico Marcelo Birck da Graforréia Xilarmônica faz uma interessante análise faixa por faixa do quarto disco de Ronnie Von, de 1968, que pode ser baixado aqui.

Trash

Meus amigos e minhas amigas, dizia Décio Pignatari parafraseando o poeta Paul Valéry, que " sem um pouco de kitsch não poderíamos conviver". Concordo e pergunto se tu quer tomar uma boa dose desse licor? Pois se quiser delicie-se com a TV Orkut, que não tem nada a ver com o site de relacionamento do Google. A coisa nasceu da cabeça do baiano Petrucio Melo e está no ar há um ano. Lá você pode assistir programas como O Axé está no Ar, comandado por Pai Celso de Oxalá ou o Sem Preconceito, apresentado pela modelo Loren Lemos, que já atuou no programa Turma do Didi e na Praça é Nossa.

A gente já sabia





Está começando a cair a máscara da Ilha da Fantasia. O mito do paraíso idílico sofreu mais um duro golpe. Ontem à noite o Brasil todo pôde assistir, no Jornal da Globo, a matéria que a RBS exibiu no programa Estúdio Santa Catarina no último domingo. A repórter Kíria Meurer mostrou a escadaria de um prédio comercial no Centro, que durante a noite virou uma crackolândia. A cabeça da matéria foi:
Florianópolis sempre teve reputação, em todo Brasil, de cidade bonita, agradável, onde é bom de se viver. Até a chegada de uma droga que já trouxe muita violência a outras cidades: o crack.


Trabalhei e morei nessa região por um ano, de junho de 2001 a junho de 2002 e conheci algumas das pessoas que estão na matéria. Um flanelinha, que atuava na área, e uma mulher que vive nas ruas como pedinte. O enredo da história já é bem conhecido: o Centro da cidade é gradualmente abandonado por moradores e a degradação é inevitável. Florianópolis tem belas praias, cenários incríveis e muita gente boa mas é uma cidade brasileira como qualquer outra.

domingo, 18 de março de 2007

Alguma coisa acontece em Florianópolis




Ontem o Clube da Luta foi um sucesso. 15 dias sem chuva e subitamente as águas de março despencaram torrencialmente a noite inteira mas isso não impediu que a festa bombasse. Público de todas as tribos lotou o Café Fios & Formas. Gente bonita, figurinhas carimbadas, freaks, gente que é "people", gays, lésbicas e simpatizantes, músicos, atores, produtores, gente do lado de lá e do lado de cá da Ponte e muito mais. DJ Zé Pereira da Nação Balanço abriu o festerê conduzindo a vibe com maestria. A pista foi enchendo e o suíngue comendo solto. Quando começamos nosso show, a Coletivo Operante, o público já estava perfeitamente aquecido e dançou, se esbaldou, e nós também. Na sequência Andrey e a Baba do Dragão de Komodo carregaram no rock concretista, claramente influenciado pelo Arnaldo Antunes mas com muito mais senso de humor. Adorei a banda que ainda não tinha assistido. E a Samambaia Sound Club continuou a dança. Foi uma esbórnia dionisíaca pra ninguém botar defeito. Zé Pereira, sempre num timing impecável e dialogando com as bandas, encerrou a festa e tinha gente que queria mais.

Fotos e outras informações sobre a noite memorável no site Tô Puto.Hoje eu fico por aqui e deixo vocês com um rock psicodélico do Small Faces. Perfeito para essa lesêra dominical.

sexta-feira, 16 de março de 2007

Livrai-nos do Mala-man




Direto do Diário Gauche.

Dois tempos



"Ai que saudade que eu tenho da minha Lagoa, que era só minha e da Conceição..." assim cantou Luiz Henrique Rosa em 1967, hoje talvez ele incluísse novas palavras. " Que era só minha e sem poluição". Esta foto fiz ontem à tarde da janela da casa do Valdir Agostinho. Ali embaixo, nas margens da Lagoa da Conceição, passa a rodovia asfaltada que segue para a Barra da Lagoa. Mais tarde fomos no canal ver um barco e então, de súbito, me deparo com um objeto vindo na corrente da maré vazante. Tou acostumado a ir nos restaurantes ali ao lado do canal e ver siris de montão, nadando e boiando. Haviam alguns. Mas aquilo não era um siri. Era uma ratazana morta, grotesca e inchada.

quarta-feira, 14 de março de 2007

Phunky Buddha



Hoje na Contracapa do DC o antenado conterrâneo "papa-siri" Marcos Espíndola comenta a volta dos Udigrudis, banda que marcou os anos 90 em Florianópolis. Segundo ele, e eu concordo," é uma daquelas bandas que ficou marcada no consciente coletivo da sua geração, tal qual os Stonkas Y Congas e Phunky Buddha - que também podem pintar aí". E aviso que Phunky Buddha pode pintar aí sim. Já andaram requisitando a presença no Clube da Luta e estávamos pensando seriamente em fazer uma apresentação em 2007. Em julho de 2005 fizemos um inolvidável show no bar Drakkar comemorando meu aniversário. A foto ao lado foi feita nesta noite.

Em breve tou colocando umas músicas da banda pra download aqui no blog.

O jacaré é manso, mas é jacaré




Do blog Meandros de Curitiba.

A Prefeitura vai despejar o jacaré-de-papo-amarelo que mora há pelo menos 31 anos no Parque Barigüi.Isso por que o réptil matou um vira-lata sem dono que o atacou. " O mais famoso morador do mais famoso parque da cidade" virou até nome de canção, Jacaré do Barigüi, composta pelos meus camaradinhas Franco Milani e Gabriel Teixeira, da banda Black Maria. A música está no disco 13 20 produzido pelo mutante Sérgio Dias Baptista. Querendo ouvir baixe aqui.

A Associação dos Moradores e Amigos do parque Barigüi manifestou-se da seguinte forma:

CARTA AOS FREQÜENTADORES DO PARQUE BARIGÜI

"Foi legítima defesa !" - alegaria eu, se fosse advogado do jacaré. Ele estava em casa descansando, numa terça-feira de feriado de carnaval, quando aparece um bando de "animais", digo, pessoas, e começam a jogar pedras e paus nele.

"- E pra quê isso ?
- É pra vê-lo se mexer, responde um lá na frente.
- Ah, é ! Quer vê-lo se mexer ? Vá lá e puxe o rabo dele !"

É verdade, ele matou o cachorro. Matou mas não comeu, o que indica que ele não atacou, apenas se defendeu. O cachorro foi em direção ao jacaré e não o contrário. Nos últimos dias, pintaram o jacaré como um monstro. Não é nada disso gente ! Ele não come criancinha e nem corre atrás de turista. Está todo mundo com pena do cachorro, mas poucos são os que já viram os cachorros abandonados no parque quando estão caçando. Atacando capivaras, matando ratões do banhado, destruindo os ninhos e comendo os filhotes de patos e gansos. O jacaré é do bem. Do mau, são certos usuários do parque que ao invés de irem lá curtir a natureza, vão lá depredá-la. São pessoas que não catam as fezes dos seus cachorros, que fazem sexo no mato e jogam as camisinhas lá mesmo, quebram garrafas de vidro, destroem as churrasqueiras, queimam as lixeiras e poluem as nossas águas.

O "Velho Jack", o jacaré mais antigo, está no lago desde 1976, ou seja, 31 anos sem nunca ter dado alteração. Se ninguém incomodar o jacaré, o jacaré não incomodará ninguém ! Afinal quem será o verdadeiro animal.... o jacaré ou o bicho-Homem ? Quem será a verdadeira ameaça, o Homem ou a Natureza ?

Atenciosamente,

ARI BECKER
Presidente da AMAPARQUE BARIGüI
Associação dos Moradores e Amigos do Parque Barigüi

Can't Buy me Love

Paul McCartney não levou de novo. Acuado por dívidas crescentes devido ao seu estilo de vida esbanjador e pelas milionárias indenizações nos processos por abuso sexual, Michael Jackson arrecadou uma grana alta vendendo o catálogo das canções dos Beatles para a Sony. Nos anos 80 quando tornou-se um megastar do pop, Michael comprou o catálogo da Northern Song e tornou-se dono dos direitos autorais das canções de Lennon e McCartney. O fato azedou a amizade dele com Paul que sempre quis reaver esses direitos.

No início de carreira num ato ingênuo, e muito mal assessorados diga-se de passagem, Paul e John acabaram perdendo a posse de suas próprias músicas. "John e eu não sabíamos que a gente podia possuir canções. Achávamos que elas só existiam no ar. Não víamos como fosse possível possuí-las. Dava para entender que a gente possuísse uma casa, uma guitarra ou um carro, esses eram objetos físicos. Mas uma canção...Não conseguíamos entender como fosse possível ter direitos autorais sobre ela. Por isso o pessoal que recolhia direitos ficou muito feliz com a gente", disse Sir Paul em sua biografia Many Years from Now.

Deve ter sido um golpe duro para o músico não ter conseguido mais uma vez reaver esses direitos. Como consolo, recentemente um juiz desconsiderou as acusações de abuso físico que sua ex-mulher Heather Mills fez. Numa audiência em Londres no início desse mês para resolver as pendengas da separação, Heather saiu furiosa pela porta dos fundos enquanto Paul saiu pela frente, assoviando e estalando os dedos fazendo sinal da paz para os repórteres.

E para lembrar de Paul e Michael quando ainda eram amigos, o clipe super divertido de Say, Say, Say, parceria deles em 1983, produzida por George Martin e que saiu no álbum Pipes of Peace, de Paul. .


segunda-feira, 12 de março de 2007

A serviço do Senhor

Acabei de ler no Coluna Extra, do meu amigo Alexandre Gonçalves, que a compra das rádios e TV Guaíba pela Igreja Universal do Reino de Deus, dona da Record, incluiu também o jornal Correio do Povo. Pra quem não sabe, a rádio Guaíba foi quem abrigou Brizola e a Rede da Legalidade num dos momentos mais graves da República: a renúncia de Jânio e a guerra para fazer valer a lei e a posse do vice-presidente, João Goulart.

Tou curioso pra ver o desdobre desse avanço do Edir Macedo no quintal dos Sirotski. Será que ele não se anima a comprar o "mais antigo"* também? Um pouco de concorrência aqui nessas plagas ia bem né.

*Jornal O Estado, de Florianópolis.

É noise




No próximo sábado, dia 17, no café Fios & Formas aos pés da ponte Hercílio Luz, Coletivo Operante estréia no Clube da Luta, iniciativa que está juntando bandas de Florianópolis com trabalho autoral e criando um público antenado, elegante, gente fina e sincero.

domingo, 11 de março de 2007

Senta a mamona!





Hugo Chávez cada vez inventa imagens melhores em seus discursos anti-Bush. Em Buenos Aires, uma das paradas de sua tour paralela à do norte-americano pela América Latina, o presidente da Venezuela chamou Bush de "cadáver político"," disco arranhado" e num rompante místico-profético deu a declaração que mais me chamou a atenção: “Ele nem sequer cheira mais a enxofre, mas exala o odor dos mortos políticos e, dentro de pouco tempo, se converterá em um polvo cósmico”.Polvo Cósmico, Chávez? Que que colocaram na tua bebida? Hahahaha.

Marco Weissheimer conta sobre a marcação cerrada de Chávez em cima do Bush em Carta Maior. O Marco tem um blog muito legal , o RS Urgente, que pra minha honra, já publicou uma bela citação do Esquerda Festiva.

sexta-feira, 9 de março de 2007

Música da Massa


O Wolfgang's Vault tornou-se uma sensação para quem curte ouvir gravações ao vivo de bandas clássicas. Criado para vender camisetas, posters e outros artigos ligados ao rock, o site tem um arquivo com cerca de 300 gravações que fazem parte de um extensa coleção deixada pelo promoter Bill Graham. O visionário, já morto, registrava direto da mesa de som quase todos os shows que produzia em casas como Fillmore West (San Francisco) e Fillmore East (Nova York), desde os anos 60 aos 90. São shows do Cream, Led Zeppelin, Hendrix, Sly Stone, Muddy Waters, Santana, Steppenwolf, Allmann Brothers, Bob Marley, The Who e muitos outros artistas da pesada. Cadastrando-se no site você pode ouvir todo esse material.

Já me deliciei com uma Are You Experienced? de mais de 17 minutos com Jimi Hendrix , incluindo um flautista numa jam, e um showzaço do Sly & The Family Stone de 1968. Maior loucura bicho!


E já que estou falando em rock clássico. Segue aqui um momento marcante. Jimi Hendrix tocando Like a Rolling Stone, de Bob Dylan, no Monterey Pop em 1967. Foi a volta triunfante do grande guitarrista ao seu país natal. Em 66 Hendrix tinha ido de mala e cuia para Londres, levado por Chas Chandler, ex-baixista dos Animals, que o transformou num astro. Ainda um desconhecido na América, fez um show arrasador onde tocou fogo metaforica e literalmente na guitarra e saiu do palco para entrar na História. Tenho ainda na minha coleção de vinis o álbum com a íntegra do show. Comprei no antigo sebo Lunário Perpétuo, que ficava no edifício Dias Velho no centro de Florianópolis. O dono era um boa praça e sósia do Wood, personagem do Angeli. Eram os tempos pré-internet onde conseguir uma bolacha dessas era a glória.

Gênio da raça



Laerte em HQ publicada originalmente na Revista Piauí. Clique na imagem para ampliar a página.











quarta-feira, 7 de março de 2007

Mataram o Capitão América



O herói patriota da Marvel Comics, criado em 1941 para combater Adolf Hitler, foi assassinado por um franco-atirador nas páginas da última edição da revista Captain America. Será que um atirador solitário desses vai aparecer em SP amanhã? Leia mais aqui.

Cobrinha Azul



Um clássico da United Artists.

Lula, o lulismo e o PT



Foto: João Wainer/Folha


Li hoje dois textos muito interessantes sobre o presidente Lula, sua relação com o PT e a sucessão de 2010. Ambos versam sobre as últimas movimentações do xadrez político. Divido aqui com vocês. O primeiro é do jornalista Alon Feuerwerker em seu blog hoje:


"No comando da própria sucessão

O que há de comum nas circunstâncias da 1) derrota de Aldo Rebelo para a presidência da Câmara dos Deputados, da 2) renúncia de Nelson Jobim à candidatura a presidente do PMDB e do 3) desgaste a que Luiz Inácio Lula da Silva submete Marta Suplicy? Ao ajudar a derrotar Aldo, Lula enfraqueceu no nascedouro o bloco PSB-PCdoB-PDT, que acalenta a esperança de ter um candidato competitivo à sucessão de Lula, e fortaleceu seu próprio partido, o PT, que andava meio cabisbaixo e perigosamente frágil. Ao dinamitar Jobim, desidratou no PMDB quem aposta em vôos próprios e vitaminou Geddel Vieira Lima, que ajudou Lula a derrotar o PFL da Bahia no ano passado. É improvável que Geddel não esteja de mãos dadas em 2010 com Lula e seu possível candidato ao Palácio do Planalto, o governador petista da Bahia, Jaques Wagner. Ao descarnar a ex-prefeita Marta Suplicy, Lula evitou que a eventual entrada dela no ministério (se acontecer) represente a celebração de uma forte pré-candidatura petista à Presidência da República. Ou seja, Lula vai montando o segundo governo de modo a preservar o máximo de controle possível sobre a própria sucessão. O melhor cenário para Lula é poder concorrer a um terceiro mandato em 2010, coisa difícil de passar no Congresso. Lula diz que não quer, mas opera sistematicamente para enfraquecer todos os possíveis candidatos a candidato, com a exceção de Wagner. O segundo melhor cenário para Lula é a vitória de um governista (petista) em 2010, desde que a reeleição tenha sido abolida. Para que ele, Lula, possa tentar voltar em 2014 (ou 2015, se o mandato passar a cinco anos) sem ter que entrar em guerra com um presidente do seu partido/campo. Sem ter contra si a máquina do governo. Um cenário razoável para Lula é chegar a 2014 (2015) com um presidente tucano (ou oposicionista), mas que não possa concorrer à reeleição. O cenário ruim para Lula é ter que encarar nas urnas um presidente tucano (ou oposicionista) em 2014 (2015). E o cenário péssimo para Lula é eleger em 2010 um companheiro petista (ou aliado) que possa concorrer à reeleição. Ou seja, é provável que a reforma política de Lula (na qual ele, como em outros assuntos, promete não se meter) comece exatamente pelo fim da reeleição, em todos os níveis. Vão ter que convencer os governadores e prefeitos, mas os parlamentares podem ver no fim da reeleição um mecanismo para enfraquecer possíveis adversários, nos estados e nos municípios. Bem, mas você pode discordar de mim. Pode acreditar que Lula: 1) foi emparedado pelo PT na eleição de Arlindo Chinaglia para presidente da Câmara; 2) a contragosto, teve que ceder à realidade de que Michel Temer tinha a maioria no PMDB e 3) não está conseguindo, infelizmente, entre as mais de três dezenas de ministérios, abrir uma vaga boa o suficiente para alojar a ex-prefeita Marta Suplicy (a quem ele é muito grato, por tê-lo ajudado num momento difícil da campanha presidencial). Só que essas hipóteses têm um pressuposto: Lula deve estar mesmo bem fraco, já que não emplaca umazinha sequer. E você, acha que Lula está fraco politicamente? Acha mesmo? Se acha, você poderia explicar o que fez Lula se enfraquecer tanto de outubro para cá."


Agora o historiador e sociólogo Canrobert Costa Neto que escreveu no site Fazendo Média:

" LULA E O PT

Alguns dos principais analistas da mídia grande estão fazendo interpretações, a meu ver, equivocadas sobre a relação entre Lula, e o chamado "lulismo", e o PT.

Creio que as análises errôneas a respeito desta relação têm a ver com o escasso conhecimento dos colunistas sobre a vida política interna do PT, notadamente Merval Pereira de O Globo, que insiste em identificar uma crise entre Lula e o PT, ou mais especificamente entre o "lulismo" no governo e o chamado Campo Majoritário do PT.

Eu não vejo ocorrer esta discrepância, a ponto de levar Lula a apoiar para a Presidência da Câmara o deputado Aldo Rebelo em detrimento de Arlindo Chinaglia do PT de São Paulo e do Campo Majoritário. Ao contrário, insisto em que Lula e o "lulismo" trabalharam pela candidatura do petista e a tornaram viável a muito custo.

Lula e o "lulismo" só têm a ganhar com o PT na presidência da Câmara, principalmente pensando na sucessão presidencial de 2010 e nos desdobramentos para 2014. Creio que a eleição na Câmara marca a possibilidade de uma série de barganhas entre governo e parte da oposição, visando 2010.

Lula usa a máquina do governo e a máquina partidária do PT para barganhar com alas do PSDB (leia-se Aécio e, em menor medida, Serra) uma possível frente para 2010, com o PSDB, ou alguma dissidência dele. A supressão da emenda da reeleição passa por esses acordos de bastidores. O PT de Lula (o partido como um todo, apesar das divergências entre os grupos internos, que são reais), entraria no jogo político eleitoral de 2014 como um dos trunfos para um possível retorno de Lula e do lulismo petista ao poder.

Eu arrisco fazer esta interpretação da relação entre Lula e o PT amparado na minha vivência pessoal dentro do Partido dos Trabalhadores entre 1980 (estive entre os fundadores do partido, no Distrito Federal) e 1991. Os que interpretam a relação Lula-PT sem nenhuma vivência da estrutura partidária podem cometer equívocos, mesmo quando procuram estar bem informados a respeito do PT e suas questões internas.

O maior erro daqueles que fazem interpretações equivocadas sobre a relação Lula-PT é o de considerar que qualquer ala interna do Partido - do Campo Majoritário às correntes menos influentes - poderia afrontar publicamente, ou mesmo nos bastidores, o poder de Lula à frente do partido.

Lula é intocável dentro do PT. Ele atua no partido como um fiel da balança entre os agrupamentos políticos internos. Lula exerce o poder moderador, isto é, só intervém quando é para resolver definitivamente alguma grande questão pendente. Isto sempre foi assim no PT. Quem afrontou Lula não sobreviveu, pessoalmente ou em grupo, no partido.

É claro que Lula já teve que engolir sapos (muitos deles bem barbudos...), mas muito habilidosamente conduziu a situação de forma a que a última palavra fosse a dele. Neste sentido, Lula pode ser identificado na categoria Weberiana de liderança carismática. É assim no PT, na CUT e agora no próprio Governo Federal.

Lula aproveita-se muito bem da disputa por espaço entre os grupos do PT. Na realidade, ele se alimenta desta disputa. Paradoxalmente, Lula só tem a ganhar com a discussão interna no PT porque todos os grupos dependem de Lula para sobreviver e Lula, ainda mais agora no governo, não depende de nenhuma dessas correntes em particular, embora se apóie no Campo Majoritário e ajude a administrar suas fissuras.

Quanto mais o PT se divide mais o lulismo, dentro e fora do governo, se multiplica. Todos que estão no PT dependem politicamente de Lula e do lulismo. Assim sendo, o lulismo se retroalimenta do petismo. Mas quando o petismo exagera na dose e se torna, momentaneamente, "mais lulista" do que o próprio Lula, então o grande líder vira um Pôncio Pilatos e lava as mãos (para preservar os dedos e os anéis, se possível) e permite, e até estimula, o "linchamento temporário" de seus mais íntimos e fiéis colaboradores.

Foi o caso de Dirceu e Palocci no episódio do mensalão. Eles, como bons petistas e lulistas (embora um pouco exagerados) foram ao inferno calados para preservar Lula, o lulismo e o próprio PT. Agora, Lula os trás de volta à cena política, para servir novamente (e mais moderadamente) ao PT e ao lulismo.

É assim que a banda toca na relação Lula-PT. Não há espaço para fricções de qualquer corrente interna do PT com Lula. Até Suplicy, um dos poucos a poder fazer determinadas escaramuças políticas aparentemente anti-lulistas, é absolutamente funcional ao lulismo e ao petismo, haja vista o episódio da suspeitíssima morte do prefeito Celso Daniel. Suplicy agiu como emissário de Lula no caso e ajudou a abafar uma situação que poderia representar o colapso tanto do petismo quanto do lulismo.

Enfim, Lula não tem adversários políticos dentro do PT. Todos gravitam em torno do seu eixo. O partido se une no lulismo e sabe que Lula é o portador da continuidade política dos seus membros. Lula evita rachas e contorna dissidências, mas não tolera o confronto petista com o lulismo. Se algum setor do PT se insubordina à sua liderança e/ou trai sua confiança, Lula avaliza sua exclusão das fileiras do partido e das benesses políticas do lulismo.

Que o digam os dissidentes mais recentes, como Heloísa Helena e Chico Alencar, que deixaram de ser lulistas e tiveram como castigo definitivo a expulsão do PT. E vai haver quem diga que Lula manteve-se neutro na questão ou que não sabia do que se passava no partido, pois já estava Presidente da República.

Quem compra esta versão é neófito em PT e lulismo e tende a fazer análises totalmente equivocadas e completamente distantes da realidade, como é o caso de Merval Pereira quando afirma que o PSDB apoiou o PT na eleição da Câmara para se contrapor ao lulismo. Ou isso é devaneio político ou é uma versão plantada pela ala Fernando Henriquista do PSDB para esconder seus rachas internos e justificar o apoio decisivo à candidatura vitoriosa do petista.

Se a minha avaliação estiver correta, o PSDB, de Aécio e Serra, apoiou o candidato do PT para permitir que Lula conduzisse o processo sucessório e colocasse o PT como moeda de troca na sucessão de 2010, a reboque de Aécio ou, na pior das hipóteses, do próprio Serra. Tudo em nome da preservação do "lulismo" e na sua volta triunfal em 2014, com o PT a tiracolo."

Escancarado

E falando nos nossos vereadores olhem só esse post do César Valente.


VEREADORES VENAIS
Esta história ouvi numa mesa de restaurante, de um empresário de hotelaria que estava em outra mesa. Fanfarrão, falava tão alto, tão dono do mundo, que eu e mais uns tantos que estávamos ao redor ouvíamos perfeitamente.

Em resumo é o seguinte: ele compra, baratinho, um terreno numa área residencial. Como não se pode construir edifícios, o valor é baixo.

Aí, “conversa” com um ou mais vereadores, escorrega para os bolsos deles alguns milhares de reais (ou um carro de luxo, ou uma viagem ou algum outro mimo) e milagrosamente aparece uma proposta modificando o Plano Diretor e autorizando, por enorme coincidência, a construção de prédios naquela zona. Justamente onde o nosso gabola tem um terreninho.

Liberada a ocupação, ele vende o terreno e tem um lucro absurdo, que compensa fartamente os gastos que teve com seus amigos vereadores. É coisa de comprar o terreno por R$ 80 mil, dar R$ 50 mil para “abrir caminhos” e vender por mais de um milhão. Mina de ouro. E ele ria, como se tudo fosse absolutamente legal, normal e comum.

O pior é que, da forma como as coisas andam em muitas câmaras de vereadores, essas negociatas estão se transformando mesmo em coisas corriqueiras, banais e completamente integradas à paisagem.


A gente assiste cotidianamente alterações do Plano Diretor, feitas sob encomenda para satisfazer a ganância de uns poucos. Tempo atrás foram alterados os limites do bairro Itacorubi, onde é permitida a construção de edifícios, que foram esticados até dentro do Parque São Jorge, área residencial onde só haviam casa de até dois pavimentos. Então foi construído um prédio no Parque São Jorge, tecnicamente Itacorubi, e a construção foi batizada de edifício São Jorge. É assim, na caruda.

terça-feira, 6 de março de 2007

Ilha dos Casos e Ocasos Raros





Zapeando pela TV a cabo passo eu pela TV Câmara de Vereadores de Florianópolis. Ao vivo uma sessão extraordinária às 22 horas. Fala o edil Aurélio Remor e preparo-me para ouvir um pronunciamento sobre alguma lei, algum projeto, uma votação e....pasmem: o vereador estava reclamando que recebeu poucos convites para o desfile das Escolas de Samba da capital. " Uma pessoa que tem muitos amigos, familiares e correligionários como eu, blá, blá, blá...". É mesmo muito esculacho nessa terra minha gente.

Choque de Gestão




Essa foi a manchete da capa da Folha de SP de ontem. Ainda de acordo com o jornal " 621 colégios estaduais da cidade de São Paulo tiraram nota média abaixo de 50 (em 100 possíveis) no Enem. A média geral das escolas estaduais da capital foi de 38,42".

Precisa dizer mais alguma coisa?

segunda-feira, 5 de março de 2007

Esculacho




Foto: RBS TV/DC

Essa é ótima. A RBS TV exibiu ontem no programa Estúdio SC, matéria sobre um grupo de salva-vidas que transformou o posto da Praia Mole na maior festa! Segundo um ex-salva-vidas que fez a denúncia, comprovadas pelas imagens da tocaia de duas semanas da repórter, os caras abusaram geral. O posto virou uma rave, um " matadouro" e um boteco. Os caras agarravam umas gatinhas, bebiam, fumavam o cigarrinho do Deba, jogavam frescobol, davam um mergulho pra relaxar e até catavam mariscos no costão pra revender para ambulantes! Hahahaha, é muito esculacho na parada. Cabeças estão rolando. O comandante dos Bombeiros deu uma entrevista hoje no Jornal do Almoço e prometeu ir "até o fim" na punição das irregularidades.

Leia mais.

Have a Happy Day




Começando a semana no embalo do Wilson Simonal e Sarah Vaughan na TV Tupi em 1970. Simona comanda um show de TV, canta com e "entrevista" a artista norte-americana. Dica que veio do Nassif, que por sua vez recebeu de um leitor.

quinta-feira, 1 de março de 2007