quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Diplomacia Autônoma

Olhem que bela entrevista do ex-deputado e diplomata aposentado Afonso Arinos para Carta Capital. Destaco alguns trechos.

Sobre a Bolívia

“Se o petróleo é nosso, por que o gás não é deles?”

Diplomacia Independente

"...a política externa pressupõe, sempre, diálogo com alguém. Pode haver, sim, uma diplomacia independente. É preciso, por exemplo, negociar com os Estados Unidos, mas o chanceler do Brasil não pode estar fazendo o que o embaixador americano em Brasília ou o secretário de Estado dos Estados Unidos acha que o embaixador brasileiro tem de fazer. Tem de haver diálogo. As relações se dão por negociação. O que aconteceu nas gestões de Afonso Arinos e de San Tiago Dantas é que nunca o embaixador americano chegava à sala do ministro e dizia o que se ia ou não fazer."

"Entrei muito moço para o Instituto Rio Branco e, feito diplomata, fui designado para fazer um estágio nas Nações Unidas. As instruções que chegavam, com respeito à Guerra Fria, eram sempre assim: votar com a delegação dos Estados Unidos contra a postura da União Soviética; votar com a orientação da França na questão da Argélia. Qualquer assunto referente a Angola, votar com Portugal. Quase que instintivamente comecei a ficar contra isso."

Depois de 64

"O Juracy (Magalhães) disse aquela frase imortal: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. O Vasco Leitão da Cunha tirou uma foto com chapéu de texano, aquele chapéu de caubói. Isso foi no governo Castelo Branco. Curioso, porque ele foi o mais moderado dos generais-presidentes e, no entanto, na política externa o mais submisso. Isso eu não posso deixar de atribuir à influência do Roberto Campos, o ministro civil mais forte que o Castelo tinha."


Vale a pena ler na íntegra.

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Ilha da fantasia


foto:Marcelo Oliveira/DC



O grande fato dos últimos tempos em Floripa, para mim, foi a prisão de uma gangue de golpistas na praia de Jurerê Internacional. Muito simbólico. Saiu até no JN. Os caras alugaram uma mansão onde davam festas de arromba para a "gente de bem" da cidade. Na garagem estavam Ferraris, Porsches e outros bólidos importados. Nas colunas sociais o tititi é grande. E dá-lhe a TV mostrando o rosto dos presos. E eu pergunto. E o rosto das "vítimas'? A "gente de bem" tadinha que só queria obter dinheiro fácil numa jogada escusa.

Ernesto Varela






Quem lembra da personagem criada pelo jornalista Marcelo Tas nos anos 80? Aqui temos um mix de várias entrevistas antológicas. Nabib Abi Chedid, Nélson Piquet, Aureliano Chaves, Pelé, Maluf, FHC...A lista é grande e as perguntas e respostas fora-de-série.

Valeu!

Quero neste post agradecer a acolhida que este humilde blog tem tido em seus dois meses de existência. Sem pretensões imediatistas foi abrigado em casas nobres como a dos amigos Dauro Veras, Alexandre Gonçalves e Megui e na de novos amigos virtuais a Joice do Vozes do Sul, César do Animot, Juliano Bruni do Canto Fabule e o Láldert do Na Periferia do Império. E claro, last but not least, na casa da minha amada Louise. Um grande abraço pra todos que aqui aparecem e meu obrigado.

PS: A implicante Joice tá com uma casa nova bem legal também.

Leituras

Dias desses num encontro de velhos amigos na casa do meu querido Vladimir, entre um gole de vinho e um churrasco delicioso, conversávamos sobre o fato de que a Escola, em geral, e a pressão do Vestibular acabam com o prazer de ler um texto como o de Machado de Assis. Vista como uma obrigação a leitura dos livros de um dos maiores escritores da Língua Portuguesa se torna enfadonha. Eu mesmo, li o Alienista por conta do Vestibular e não fui tocado realmente pelo texto na época. E anos depois me redimi diante do mestre de Cosme Velho e li com atenção Memórias Póstumas de Brás Cubas, Esaú e Jacó, Dom Casmurro, Contos Fluminenses, O Alienista e outras pérolas.
Ler os clássicos é uma tarefa de suma importância pra qualquer um. Os filósofos gregos por exemplo, existe alguma questão humana que não tenha sido pensada por eles? Henry David Thoreau disse bem quando escreveu:

" Os homens às vezes falam como se o estudo dos clássicos fosse finalmente das lugar a estudos mais modernos e mais práticos, mas o estudante ousado sempre estudará os clássicos, seja qual for a língua em que estejam escritos e por mais antigos que possam ser. Pois o que são clássicos senão o registro dos mais nobres pensamentos do homem"

"Somos vulgares, incultos e analfabetos;e, em relação a isso, confesso que não faço maiores distinções entre o analfabetismo de meus concidadãos que não aprenderam a ler e o de quem aprendeu a ler somente aquilo que se destina às crianças e aos intelectos medíocres. Deveríamos ser tão bons quanto os ilustres escritores da antiguidade, reconhecendo, antes de mais nada, o quanto eles eram bons. Somos uma raça de acanhados homens-pássaro e em nosso vôos intelectuais elevamo-nos pouco mais alto do que as colunas dos jornais diários"

Não à toa Thoreau entrou na lista desses bons escritores.

A Natureza está Certa






Raul Seixas tem seu carro danificado por uma onda no Rio de Janeiro. Um tio meu, paulista, dizia que jamais moraria em Florianópolis pois a ilha iria afundar. Vamos ver o que acontece até 2012.

Linha cruzada

A Brasil Telecom é uma empresa incrível né? Como se não bastasse fazer você esperar longos e torturantes minutos para resolver um problema por telefone, agora você tem que esperar quando eles te ligam também! Você atende o telefone e passam-se uns 10 segundos antes que um atendente de telemarketing venha falar com você para cobrar uma dívida de um serviço que você recusou e cancelou. Incrível.

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Momento histórico

Esse vi no excelente blog Pensar Enlouquece, Pense Nisso do Alexandre Inagaki e corri no YouTube. Cid Moreira lendo direito de resposta concedido ao Brizola.

domingo, 25 de fevereiro de 2007

Almanaque Esquerda Festiva






Da série Grandes Brasileiros: O Barão de Itararé

Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, foi um dos maiores humoristas do Brasil. Nascido em 29 de janeiro de 1895 em Rio Grande, Rio Grande do Sul, criou seu primeiro jornalzinho manuscrito, o Capim Seco, aos 14 anos num colégio de padres jesuítas alemães em São Leopoldo. Mudou-se para Porto Alegre para estudar Medicina por pressão familiar. Certo dia numa prova oral, um dos professores perguntou-lhe "Conhece esse osso?", ele disse que ainda não e apertou-lhe dizendo: "Muito prazer em conhecê-lo".

No quarto ano abandonou a faculdade para morar no Rio de Janeiro onde escreveu em diversos jornais e fundou alguns, como A Manha (na foto), um sucesso editorial, e o Jornal do Povo. Foi nas páginas de A Manha que surgiu o "título" de Barão de Itararé, em 1930. Durante a revolução a suposta Batalha de Itararé, cidade na divisa de São Paulo com o Paraná, foi maciçamente divulgada pela imprensa. Esta batalha ocorreria entre as tropas fiéis a Washington Luís e as da Aliança Liberal, sob o comando de Vargas, que vinham do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder. Mas nenhum tiro foi disparado. Antes que houvesse a batalha "mais sangrenta da América do Sul", acordos foram feitos. Uma junta governativa assumiu o poder e não aconteceu nenhum conflito. Mais tarde o Barão diria o seguinte:

"Fizeram acordos. O Bergaminni pulou em cima da prefeitura do Rio, outro companheiro que nem revolucionário era ficou com os Correios e Telégrafos, outros patriotas menores foram exercer o seu patriotsmo a tantos por mês em cargos de mando e desmando... e eu fiquei chupando o dedo. Foi então que resolvi conceder a mim mesmo uma carta de nobreza. Se eu fosse esperar que alguém me reconhecesse o mérito, não arranjava nada. Então passei a Barão de Itararé, em homenagem a batalha que não houve."

Grande alma que era lutou sempre a boa luta. Um de seus alvos prediletos foram os integralistas de Plínio Salgado. Dizia que quase entrou para as hostes dos “camisas verdes”, quando ouviu um deles gritando “Deus, Pátria e Família”, pois havia entendido: “Adeus pátria e família”.

Em 1947 entrou na política "séria", elegendo-se vereador pelo PCB. O Rio de Janeiro sofria então com constantes faltas de água e com o leite adulterado vendido pelas padarias. Seu lema de campanha foi “mais leite, mais água e menos água no leite”.

Luís Carlos Prestes disse: “o Barão com seu espírito não só fez a Câmara rir, como as lavadeiras e os trabalhadores. As favelas suspendiam as novelas para ouvir as sessões da Câmara que eram transmitidas pelo rádio”.

Era o tipo que perdia o amigo e até a liberdade, foi preso inúmeras vezes, mas não perdia a piada. Muitas de suas frases estão incorporadas no nosso inconsciente coletivo brasuca. Quer ler algumas?

. De onde menos se espera, daí é que não sai nada

. Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.

. Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.

. O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.

. A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.

. O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.

. Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.


. Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta...

Rio da Liberdade





Uma animação bem legal, narrada por Orson Welles. Em inglês sem legendas.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

Hehehe

Essa li na coluna Circo da Notícia do jornalista Carlos Brickmann, no Observatório da Imprensa.

"É a glória!

O texto abaixo saiu num jornal dos Açores, o Diário Insular. Informava que um ucraniano havia morrido depois de brigar com um português, numa festa. O ucraniano levou um soco, caiu, bateu a cabeça numa quina e morreu, segundo o jornal, de "traumatismo ucraniano"."

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Chega mais





Nesta "Sexta de Cinzas" todos os caminhos levam ao Café Matisse em Florianópolis. Ingressos subsidiados somente R$5. E tu vai ficar em casa?

Grandes Encontros





Muddy Waters. Junior Wells e Buddy Guy no Festival de Montreaux. Escondido no baixo me parece que está Bill Wyman, na época baixista dos Rolling Stones. Desacelere e passe 6 minutos e 40 segundos imerso no blues.

Quarentão enxuto





Em junho próximo teremos uma tremenda efeméride para os beatlemaníacos ( e que não é?) : os 40 anos do lançamento do álbum Sgt Pepper's Lonely Heart's Club Band. Para comemorar a data poderemos ouvir as canções do Fab Four remasterizadas. "Todos os 13 álbuns oficiais, aqueles que foram editados em CD e 1987,foram remasterizados." disse Neil Aspinall, ex-roadie da banda e atual presidente da gravadora Apple. Além do relançamento dos discos, as músicas estarão também disponíveis para download." Provavelmente ao mesmo tempo" segundo Neil.

Quando ouvi o mais recente lançamento dos Beatles, o álbum Love, não saía da minha cabeça essa possibilidade mais do que esperada: o lançamento dos 11 discos oficiais da banda, remasterizados por George Martin. O incrível mash up de Within or Without You/Tomorrow Never Knows é bonzaço, mas eu gostei muito mesmo foi de ouvir I Am the Walrus e Back In the USSR remixadas e remasterizadas. A primeira é praticamente a versão já conhecida e a segunda mistura outros takes. O que destaca ambas é a remasterização feita pelo quinto Beatle e seu filho Gilles. Com acesso aos tapes originais eles deram uma limpada no som e pode-se ouvir com a clareza que nos acostumamos a ouvir música na era digital. Já era uma sonzera mas ganhou um punch.

Ressaca





domingo, 18 de fevereiro de 2007

Socorro!

Olha a bomba que vem por aí! Da coluna da Juliana Wosgraus no DC do último sábado:
New look
Márcia Mell, a filha do governador Luiz Henrique e da primeira-dama Ivete, escolheu o pré-Carnaval Ilha em Gala para seu retorno ao circuito festivo de Floripa. Voltou renovada em vários aspectos.

No look, cabelos bem curtinhos. Na carreira, esse ano quer gravar CD com músicas próprias e em 8 de março cantará num show organizado por Cláudia Barbosa.

Márcia Mell e família estão mal de amigos. Será que ninguém próximo dos Silveira tem coragem de dizer que ela não sabe cantar? Sinto uma puta vergonha alheia em ver nas reprises da TV da Assembléia Legislativa, a pretensa cantora destruir o Hino Nacional com desafinadas doloridas e erros na letra, acompanhada de uns teclados new-age, na posse de papai.

Segundo uma amiga jornalista que cobriu o evento, o governador em pessoa organizou a cerimônia que também contou com um despojado Cid Moreira, de camisa pólo e jeans, declamando Salmos da Bíblia. O Cid devia estar tirando umas férias no Costão do Santinho e não perdeu a chance de ganhar mais uns caraminguás de última hora. Aliás Luís Henrique da Silveira e o dono do Costão, Fernando Marcondes de Mattos, são amicíssimos. Enquanto a regra para as casas noturnas na Capital é funcionar até às 4 da madrugada, a boate do Costão, Ilha de Cascaes, é a única que tem permissão para ir além.

Tim Maia em 1971 na TV Tupi






O genial Tim Maia num medley de Idade, Do Your Thing Behave Yourself e uma jam com ele na bateria e Naná Vasconcelos na congas.

Música Brasileira pra gringo ouvir




David Byrne, ex-Talking Heads e dono do selo Luaka Bop, planeja lançar uma reedição da coletânea Everything is Possible!, dos Mutantes, com faixas inéditas e vídeos dos anos 60. Este é só um dos projetos de música brasileira em 2007 do selo, que acaba de ficar sem distribuição nos EUA devido ao colapso da gravadora V2.

Estão agendados para a primavera do hemisfério norte, a coletânea What's Happening in Pernambuco: New Sounds of the Brazilian Northeast e o disco Futurismo de Kassin+2.

A gravadora tem nas mangas também o quarto volume da séria Luaka Bop's World Psychedelic Classics, Nobody Can Live Forever: The Existential Soul of Tim Maia, que reúne hits, algumas músicas da fase Racional, e outras pérolas da discografia do fantástico cantor e compositor. Yale Evelev, diretor do selo, apresenta Tim para a massa funkeira dos EUA: " Tim foi o primeiro cantor brasileiro de soul que planejou ter uma carreira americana até que foi preso negociando drogas e roubando carros na Flórida e foi então deportado de volta ao Brasil. Gravou em português e inglês e num certo ponto juntou-se a uma seita que acreditava que nós descendemos de alienígenas que voltariam à Terra para levar de volta aqueles que purificaram-se e leram os livros da seita".

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2007

Rock pra esfriar



O economista e escritor canadense/americano John Kenneth Galbraith, dizia que " em política americana aqueles que perdem eleições, as presidenciais em particular, desaparecem da cena política mais ampla". Não parece ser o caso de Al Gore. O ex-vice de Bill Clinton, que perdeu uma eleição muito questionada para George W. Bush, reinventou-se como ativista da causa do Aquecimento Global com a realização do documentário " An Inconvenient Truth", que concorre ao Oscar 2007. O auto-intitulado "ex-futuro presidente dos EUA" pode ter perdido uma eleição mas tem ganho uma audiência mundial.

Agora ele ataca em outra função: produtor de shows de rock. Gore anunciou ontem, quinta, a realização do "Live Earth" no dia 7 de julho. A inspiração é o Live8. Serão sete concertos em sete continentes, simultaneamente. O evento contará com a participação de Melissa Etheridge, Foo Fighters, Lenny Kravitz, Sheryl Crow, John Mayer, Duran Duran, Korn, Black Eyed Peas, Akon, Enrique Iglesias, Faith Hill e Tim McGraw.

Kevin Mall, produtor do Live8 está na parada junto com Gore e disse que o concerto acontecerá em Shanghai, Johannesburg, Sidney, Londres e em algumas cidades no Japão, Brasil e Estados Unidos. Uma das apresentações também acontecerá na Antártida, afirmou Gore, que nesta semana participou da premiação do Grammy Awards. Ao lado de Queen Latifah entregou o prêmio de Melhor Álbum de Rock para os Red Hot Chili Peppers.


Música e Terceiro Setor

Foi criada, em São Paulo, a Associação dos Artistas da Música, ONG que se dedica, entre outras funções, a "fiscalizar atos da Ordem dos Músicos do Brasil" e propor políticas públicas para o mercado de artistas do país. De acordo com o site da AAM: " A associação é aberta a todos. Artistas da música (vinculados ou não à OMB, amadores ou profissionais, nacionais ou estrangeiros), advogados, acadêmicos, integrantes da cadeia econômica da música, enfim, qualquer interessado em debater e contribuir para o desenvolvimento de seus objetivos sociais".

Pra se inscrever e participar não custa nada.

Assino embaixo




"Do materialismo ao espiritualismo é uma simples questão de esperar esgotarem-se os limites do primeiro."

Raul Seixas

Aqui não!


Li por aí nos redutos reaças-nazi-pfelóides-tucanistas pessoas dizendo que crimes bárbaros, como o assassinato do menino carioca, não acontecem aqui no Sul , terra de gente ordeira, belos jardins, e nível sócio-ecônomico digno dos países nórdicos. Até neve a gente tem aqui. Mas crime não! Essa gente odeia o Brasil e os brasileiros (caso patológico sério de baixa auto-estima!).

É por essas e outras que, apesar de nutrir uma simpatia pela idéia de criarmos no Brasil uma Federação nos moldes dos EUA, em que cada Estado tem legislação penal própria; tenho receio do que nós aqui em Santa Catarina, por exemplo, iríamos fazer. Imaginem do que seria capaz uma Assembléia Legislativa como a nossa.

E mudando um pouco de assunto, mas nem tanto. Mino Carta em seu blog hoje comenta a democratização dos meios de comunicação. Diz ele:
" Ligo a tevê, em um dos canais da Globo passa o anúncio da revista Época. Loas variadas a uma publicação que, diz o anúncio, se notabiliza por suas opiniões. Promessas de presentes suntuosos para quem fizer sua assinatura. E eis aí a enésima prova de que o Brasil está longe, muito longe, da contemporaneidade do mundo democrático. Em outros países, a publicidade de uma revista da Globo em um canal da própria seria impossível, sem contar o vulto dos tais presentes. Isto chama-se dumping. Mas aqui tudo é possível."

Que é isso Mino? Aqui em Santa Catarina não!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

Fotos coloridas da Rússia czarista





Um site da Biblioteca do Congresso dos EUA expõe as fotografias de Sergei Mikhailovich Prokudin-Gorskii (1863-1944). No ínicio do século XX o fotógrafo formulou um ambicioso plano para uma expedição pelo Império Russo que ganhou o apoio do czar Nicolau II. Entre 1909 e 1912, e outra vez em 1915, viajou por onze regiões do país, num vagão de trem especialmente equipado fornecido pelo Ministério do Transporte.

Prokudin-Gorskii, que era um químico de formação, criou uma técnica em que projetava os negativos através de filtros vermelhos, verdes, e azuis em um dispositivo chamado " lanterna mágica" que sobrepunha as imagens em uma tela, tendo por resultado um retrato colorido.

A qualidade das imagens, recuperadas digitalmente, é incrível. Assim como as imagens em si. Paisagens, pessoas e a arquitetura de um tempo remoto, em cores.





Zeitgeist





Estou relendo este livrinho genial do qual destaco duas pérolas.


"Estamos acostumados a dizer que a massa dos homens é despreparada, mas o progresso é lento porque a minoria não é substancialmente mais sábia ou melhor que a maioria"


"Há novecentos e noventa e nove defensores da virtude para cada homem virtuoso"

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

A lesma lerda II




Revolução

Guilherme Fiúza escreveu no site NoMínimo.

" Fiquem longe de Brasília

Foi bonito as torcidas rivais no Maracanã gritando unidas o nome de João. Uma bela homenagem a João Hélio Fernandes, seis anos, morto por uma nova faceta da crueldade – o desleixo. Para os bandidos que o arrastaram pendurado no carro, sua morte tanto fazia. Seus pais agora querem evitar que ele seja só mais um número na estatística da violência.

Infelizmente, a dor nem sempre confere a quem a sente um mandato de eficiência ou criatividade. Quem perde um filho se sente sozinho diante de Deus (ou da ausência dele), e vê exclusividade em cada gesto seu. Às vezes, porém, as atitudes para “dar um basta” àquele flagelo são a melhor maneira de ser convencional - e deixar tudo como está.

A mãe dilacerada quer transformar sua dor em ação. É saudável. Ela tem opiniões sobre a legislação. E tem a sensação de que o único caminho para a justiça é uma determinada mudança na lei que lhe parece óbvia. Por isso decidiu ir com o pai de João a Brasília.

É um movimento que lhes serve para sentirem-se fazendo algo pelo filho perdido. Mas é um impulso que, ao final, só lhes aumentará o vazio.

Telefonem para Ari Friedenbach. Ao localizar depois de longa busca o corpo da filha Liana, estuprada e morta aos 16 anos num acampamento na Grande São Paulo em 2003, ele botou um terno e se mandou para Brasília. Sentia o mundo girando em torno de sua dor e foi tratar de mudar o destino dos homens.

Sua missão resultou em uma foto com Eduardo Suplicy. Foi também ornamento para a agenda de outros políticos e autoridades, como o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos – que diligentemente mencionou algumas daquelas propostas de endurecimento com o crime que ficam guardadas numa gaveta especial para essas ocasiões.

Prezados pais do menino João, Brasília engole a indignação de vocês. É difícil compreender isso nessa hora, mas o seu sofrimento é facilmente transformável em combustível para a máquina da notícia e da política.

Não é por mal. É da vida. Mas será que a melhor forma de gritar o seu basta é uma audiência com Renan Calheiros? Entendam: sua ira só é santa até a porta do gabinete. Dali para frente, é exatamente aquilo que vocês não querem ser: mais um número na estatística (da pantomima política).

Ari voltou de lá de mãos abanando. Esse circuito termina numa caminhada de branco com algumas ONGs em Ipanema. Tentem um caminho melhor para sua dor.

Glória Perez submergiu com o sofrimento pelo assassinato de sua Daniela, viveu a solidão inevitável desse momento, e depois emergiu com uma cruzada bem planejada para mudar a lei de crimes hediondos. Tudo tem a sua hora, tudo tem o seu ritmo, e na tragédia não é diferente. Maioridade penal? Legislação específica para cada estado? Pena de morte? Cuidado para não se tornarem um confeito a mais num debate enguiçado.

O Maracanã cantou junto para João. A revolução é por aí. Deixem Brasília para lá."

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Uma frase




" Duas coisas são infinitas: o Universo e a estupidez humana; e eu não tenho certeza sobre o Universo."

Albert Einstein

Falou e disse

O sempre arguto mestre César Valente em seu blog e coluna do Diarinho.
" AS LEIS E A EMOÇÃO

Os políticos demagogos e oportunistas acham que prestam um serviço público ao tentar legislar sob forte comoção popular. A cada crime bárbaro levantam-se das cadeiras estofadas onde cochilavam e com os bolsos chacoalhando de moedas, dizem bobagens sem sentido, apenas para faturar algum prestígio em cima da dor alheia e das legítimas preocupações de todos nós.

Ficam anos sentados sobre projetos importantes, jogando com a barriga as atualizações que a legislação requer e daí, sobre o sangue ainda morno de alguma vítima, levantam a voz como se fossemos todos idiotas. E fazem um arremedo de pressa, mostram para as câmeras que estão “trabalhando” para resolver problemas graves. Bobagem, falta de caráter, vagabundagem da mais deslavada.

Fazer com que um assassino fique mais de três anos na cadeia não é coisa que se consiga de uma hora para outra. Precisa mexer em muita legislação e em muita coisa: nas condições carcerárias, por exemplo. Precisa que deputados e senadores trabalhem duro por meses a fio, para dotar o país de uma legislação moderna. Mas isso, trabalhar duro, não é com eles.

É muito melhor levantar o cadáver despedaçado de um menino, pisoteando sobre nossa alma esmigalhada de dor e fazer pose de salvadores da pátria. Demagogos, incompetentes, vão trabalhar, vagabundos. Para evitar os crimes. E não usem os crimes para lustrar ainda mais suas caras de pau."

Iriê em escala nacional




Essa deve ser a capa do primeiro disco da banda florianopolitana pela gravadora Warner. Os regueiros assinaram com a multinacional sob as bençãos do Armandinho, que participa na faixa Nativas, e preparam-se para invadir o Brasil. A torcida aqui é grande.

" O Estado é Laico"

" Comecei assistindo sem maiores expectativas a entrevista do governador eleito do Rio, Sérgio Cabral Neto, no bom programa Canal Livre, da Bandeirantes, ontem à noite. Apesar de acompanhar apenas os últimos dois blocos, pude perceber uma mente inteligente por trás da fachada um tanto sonolenta do novo governador. Sérgio Cabral é também resoluto, firme e objetivo — daí a novidade. Abordou de forma decidida questões delicadas, sobretudo a notória violência na ex-capital do Brasil, a precariedade na organização dos Jogos Pan-Americanos e, pasmem, negou-se a falar de seus antecessores, responsáveis pela falência financeira do segundo mais importante estado brasileiro. O governador conquistou minha atenção e simpatia ao comentar assunto, defendo há séculos, de cabal importância em nosso país e, de maneira geral, no mundo todo. Explicou que o governo irá financiar e colocar à disposição da população de baixa renda a ligadura de trompas e vasectomia. Controle populacional orientado: luz no fim do túnel, enfim. Perguntado — de forma maliciosa, cabe ressaltar — se já teria "pedido a bênção da Igreja", Cabral foi seco, ainda que educado, soando apropriadamente chiado o "s" carioca: "o Estado é laico". Palmas, é um amigo da sabedoria."


Juliano Bruni Pereira


Post do blog do Juliano, o qual assino embaixo e republico aqui, ilustrando com o grande Laerte.


domingo, 11 de fevereiro de 2007

Hi Lily Hi lo!




A cantora inglesa Lily Allen iniciou a conquista da América do Norte ontem com um show em Nova Iorque no Webster Hall. Bem no seu estilo ela anunciou no meio do show que as risadinhas e paradas no meio das músicas não eram por conta dela ter esquecido as letras, mas sim por que havia "sentido pena de si mesma" mais cedo e pediu uma Torta Sheperd de um restaurante para jantar no quarto de hotel - por conta disso estava arrotando durante toda a performance.
Tá seu chatos vão comer um prato desses e cantem depois pra ver como é! Hahahaha.

Foto: www.themodernage.org

Pergunta que não quer calar




Quando é que vão prender o Grupo de Poetas (?!) Livres?

Angeli



Salve James Brown!




Esse cara...negro, pobre, sem estudo e ex-presidiário, seria uma bela vítima para a "faxina social" pregada pelos sacrossantos inquisidores auriverdes. Seria fácil tachá-lo de um "caso perdido". James Brown nasceu miserável num barraco "onde o vento nunca encontrou uma janela" e cresceu no meio de gente pobre, putas, cafetões, jogadores. Ainda menor de idade foi preso por roubo.

Bem, para nossa sorte ele viveu uma vida longa e produtiva, deixou um legado inestimável para a humanidade. Com um talento genial criou uma linguagem, o funk, que alastrou-se pelo mundo e influenciou de Fela Kuti a Toni Tornado. Num de seus melhores grooves (I Don't Want Nobody) cantou..." Eu não quero que ninguém me dê nada, abra a porta que eu mesmo pego!"

Aqui no Brasil e no mundo, uma imensa maioria só quer o mesmo.





James Brown e Maceo Parker - Mother Popcorn

Animais, todos somos




Paula Rego - Macaco hipnotizando um covarde - 1982


Tenho lido muitas pessoas clamando pela volta da pena de morte e pela redução da maioridade penal. É assustador e triste ver quanta gente está disposta a regredir e se rebaixar, para ter uma falsa sensação de segurança. O terrível assassinato do menino carioca, arrastado por 7 quilômetros, não é mais dolorido do que as outras mortes violentas e estúpidas que acontecem no Brasil todos os dias.

Não estou justificando a barbárie dos atos criminosos. Mas de que adiantam medidas drásticas, tomadas no calor dos acontecimentos? E esses moleques presos são mesmo os culpados? Não são os primeiros que a Polícia achou pra matar a sede de sangue da massa teleguiada? Me perturba ver tantas vozes reacionárias serem levadas a sério. E ouço aqui, acolá, gente com saudade da Ditadura!
Para refletir um pouquinho umas palavras de Carl Jung. O pequeno trecho que segue abaixo foi extraído da autobiografia Memories, Dreams, Reflections, numa livre tradução e edição de minha lavra.


" Quem deseja encontrar uma resposta ao problema do mal, necessita em primeiro de lugar de um conhecimento de si mesmo. Um conhecimento tão profundo quanto possível de sua totalidade. Deve saber, sem se poupar, a soma de atos vergonhosos e bons de que é capaz, sem considerar a primeira como ilusória ou a segunda como real. Ambas são verdadeiras enquanto possibilidades e não poderá escapar a elas se quiser viver sem mentir a si mesmo e sem vangloriar-se. Alguns nada querem saber sobre o mal e outros com ele se identificam. Tal é a situação do mundo atual"

sábado, 10 de fevereiro de 2007

Professor Pasquale

Tá lá na capa da edição do Diário Catarinense desse domingo: "Tráfico utiliza armas pesadas na Capital". A manchete tem um texto de apoio que termina com a seguinte frase:"Algumas peças deste arsenal é capaz de furar um blindagem". A edição impressa contém o mesmo erro.

A lesma lerda



Charge do môquirido Frank Maia.

Pré-carnaval

Ontem tirei estas fotos no Centro de Florianópolis. O tradicional Berbigão do Boca não abriu a folia este ano. Parece que faltou din-din da Prefeitura. Tivemos então o Marisco da Maria.









quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007

Love is All We Need



Viram essa? Casal que morreu há pelo menos 5000 anos atrás na Itália. Revelados ontem pela equipe de arqueólogos em Mantova.

Dá-lhe Clô!

Ontem eu vi um trecho do primeiro discurso do Clodovil na TV Câmara. Achei ducaralho. Pra virar fã, só falta ele calçar as sandálias da humildade e bater um papo com o Vesgo e o Sílvio.

Lembro um dia que eu, com uns 16 anos, estava sozinho no trem que ia da Barra Funda para Ribeirão Pires, Grande São Paulo. Tava indo visitar um primo na casa da família da namorada dele. Na parada em Santo André, entra um vendedor do Notícias Populares que era sósia do Jimi Hendrix. É!
Comprei um. A manchete era sobre Clô. Corria o boato de que ele estava com AIDS. Para provar, o próprio exibiu para o fotógrafo o teste negativo. E a manchete sucinta e delicada em caixa alta era : "CLODOVIL TÁ COM A ROSCA BELEZA!".

segunda-feira, 5 de fevereiro de 2007

FLORIPA TEM...um outro lado




Sublinhar o dark side da Ilha de Santa Catarina vendida ao mundo, é o que pretende o filme Quem disse que eu to indo pra casa? dirigido por Marco Stroisch, com roteiro de Sandra Nebelung. E mais do que um olhar que vai além dos cartões postais de Florianópolis, a " intenção é buscar a poesia do submundo, do cenário urbano, dos cantos obscuros de uma capital outrora bucólica, hoje transformada em grande centro". Ainda de acordo com a produção, através das dificuldades enfrentadas pelos protagonistas, " o curta-metragem enfoca o cotidiano de crianças carentes que tentam viver com dignidade, e reforça a importância de valores como a família e a amizade".

O filme estréia no cinema em março mas antes disso pode ser assistido nesta terça-feira, 06 de fevereiro, na 2º. Mostra Brasil de Cinema & Hip Hop, que acontece de 06 à 10 de fevereiro, na Praça Bento Silvério, Lagoa da Conceição. A sessão inicia às 20 hs e os ingressos podem ser trocados no local por um quilo de alimento não perecível, a partir das 15 horas.

É minha gente, são as dores do parto de uma nova Florianópolis que nasce e cresce vertiginosamente sem controle, sem uma Câmara de Vereadores à altura do desafio e sempre a serviço de projetos de marketing charlatães.

domingo, 4 de fevereiro de 2007

Salve funky brother soul!




Jean Mafra, o figuraça vocalista e bailarino da Samambaia, comemora três décadas de passeio por esta terceira pedra depois do Sol e manda convite. Será no dia 10 de fevereiro, próximo sábado, no Drakkar. A noite marca também a continuação do projeto Samambaia Convida, que desta vez traz à Florianópolis a banda porto-alegrense Renascentes. A festinha promete.

Já é!





A noite da última sexta-feira, 2 de fevereiro, marcou o início dos trabalhos do Clube da Luta em 2007. Kronix, AeroCirco e Gubas & Os Possíveis Budas deram o pontapé inicial. A iniciativa, que pretende criar um espaço para as bandas que tem um trabalho autoral, cresce a cada edição. Um público empolgado, alegre e participativo se fez presente e deu o gás para que a noite fosse excelente. Sob um magnífico céu de Lua Cheia a música correu solta no Café Fios & Formas.

Vida longa ao Clube da Luta!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Um conto Zen que adoro

O mestre ia proferir seus ensinamentos para um grupo de monges, quando no exato instante em que ele abriu a boca, um passarinho cantou.
O mestre apenas declarou: "O sermão já foi proferido", e retirou-se.

O menestrel da Barra da Lagoa




"Quando a Música toca, tremem as muralhas da cidade"

Platão



Valdir Agostinho pela lente de Caio Cézar.