quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

Diplomacia Autônoma

Olhem que bela entrevista do ex-deputado e diplomata aposentado Afonso Arinos para Carta Capital. Destaco alguns trechos.

Sobre a Bolívia

“Se o petróleo é nosso, por que o gás não é deles?”

Diplomacia Independente

"...a política externa pressupõe, sempre, diálogo com alguém. Pode haver, sim, uma diplomacia independente. É preciso, por exemplo, negociar com os Estados Unidos, mas o chanceler do Brasil não pode estar fazendo o que o embaixador americano em Brasília ou o secretário de Estado dos Estados Unidos acha que o embaixador brasileiro tem de fazer. Tem de haver diálogo. As relações se dão por negociação. O que aconteceu nas gestões de Afonso Arinos e de San Tiago Dantas é que nunca o embaixador americano chegava à sala do ministro e dizia o que se ia ou não fazer."

"Entrei muito moço para o Instituto Rio Branco e, feito diplomata, fui designado para fazer um estágio nas Nações Unidas. As instruções que chegavam, com respeito à Guerra Fria, eram sempre assim: votar com a delegação dos Estados Unidos contra a postura da União Soviética; votar com a orientação da França na questão da Argélia. Qualquer assunto referente a Angola, votar com Portugal. Quase que instintivamente comecei a ficar contra isso."

Depois de 64

"O Juracy (Magalhães) disse aquela frase imortal: “O que é bom para os Estados Unidos é bom para o Brasil”. O Vasco Leitão da Cunha tirou uma foto com chapéu de texano, aquele chapéu de caubói. Isso foi no governo Castelo Branco. Curioso, porque ele foi o mais moderado dos generais-presidentes e, no entanto, na política externa o mais submisso. Isso eu não posso deixar de atribuir à influência do Roberto Campos, o ministro civil mais forte que o Castelo tinha."


Vale a pena ler na íntegra.

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