domingo, 25 de fevereiro de 2007

Almanaque Esquerda Festiva






Da série Grandes Brasileiros: O Barão de Itararé

Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, o Barão de Itararé, foi um dos maiores humoristas do Brasil. Nascido em 29 de janeiro de 1895 em Rio Grande, Rio Grande do Sul, criou seu primeiro jornalzinho manuscrito, o Capim Seco, aos 14 anos num colégio de padres jesuítas alemães em São Leopoldo. Mudou-se para Porto Alegre para estudar Medicina por pressão familiar. Certo dia numa prova oral, um dos professores perguntou-lhe "Conhece esse osso?", ele disse que ainda não e apertou-lhe dizendo: "Muito prazer em conhecê-lo".

No quarto ano abandonou a faculdade para morar no Rio de Janeiro onde escreveu em diversos jornais e fundou alguns, como A Manha (na foto), um sucesso editorial, e o Jornal do Povo. Foi nas páginas de A Manha que surgiu o "título" de Barão de Itararé, em 1930. Durante a revolução a suposta Batalha de Itararé, cidade na divisa de São Paulo com o Paraná, foi maciçamente divulgada pela imprensa. Esta batalha ocorreria entre as tropas fiéis a Washington Luís e as da Aliança Liberal, sob o comando de Vargas, que vinham do Rio Grande do Sul em direção ao Rio de Janeiro para tomar o poder. Mas nenhum tiro foi disparado. Antes que houvesse a batalha "mais sangrenta da América do Sul", acordos foram feitos. Uma junta governativa assumiu o poder e não aconteceu nenhum conflito. Mais tarde o Barão diria o seguinte:

"Fizeram acordos. O Bergaminni pulou em cima da prefeitura do Rio, outro companheiro que nem revolucionário era ficou com os Correios e Telégrafos, outros patriotas menores foram exercer o seu patriotsmo a tantos por mês em cargos de mando e desmando... e eu fiquei chupando o dedo. Foi então que resolvi conceder a mim mesmo uma carta de nobreza. Se eu fosse esperar que alguém me reconhecesse o mérito, não arranjava nada. Então passei a Barão de Itararé, em homenagem a batalha que não houve."

Grande alma que era lutou sempre a boa luta. Um de seus alvos prediletos foram os integralistas de Plínio Salgado. Dizia que quase entrou para as hostes dos “camisas verdes”, quando ouviu um deles gritando “Deus, Pátria e Família”, pois havia entendido: “Adeus pátria e família”.

Em 1947 entrou na política "séria", elegendo-se vereador pelo PCB. O Rio de Janeiro sofria então com constantes faltas de água e com o leite adulterado vendido pelas padarias. Seu lema de campanha foi “mais leite, mais água e menos água no leite”.

Luís Carlos Prestes disse: “o Barão com seu espírito não só fez a Câmara rir, como as lavadeiras e os trabalhadores. As favelas suspendiam as novelas para ouvir as sessões da Câmara que eram transmitidas pelo rádio”.

Era o tipo que perdia o amigo e até a liberdade, foi preso inúmeras vezes, mas não perdia a piada. Muitas de suas frases estão incorporadas no nosso inconsciente coletivo brasuca. Quer ler algumas?

. De onde menos se espera, daí é que não sai nada

. Dize-me com quem andas e eu te direi se vou contigo.

. Cleptomaníaco: ladrão rico. Gatuno: cleptomaníaco pobre.

. O banco é uma instituição que empresta dinheiro à gente se a gente apresentar provas suficientes de que não precisa de dinheiro.

. A forca é o mais desagradável dos instrumentos de corda.

. O homem que se vende recebe sempre mais do que vale.

. Tudo é relativo: o tempo que dura um minuto depende de que lado da porta do banheiro você está.


. Viva cada dia como se fosse o último. Um dia você acerta...

4 comentários:

joice disse...

Maravilha teu post! O cara era mesmo genial, um grande espírito libertário por natureza. Eu não conhecia a história do nome Barão de Itararé. Valeu.
um abraço e boa semana!
joice

Ulysses Dutra disse...

Valeu Joice! Esse foi um cara especial né. Vou lá espiar tua nova empreitada. Uma ótima semana pra você. Um abraço

joice disse...

gracias pela visita. já linkei pra cá e to postando lá o video rio da liberdade. inté!

Dauro Veras disse...

Muito bom. O cara era um gênio, né?