
Clube da Luta apresenta hoje na Célula: Samambaia Sound Club, Missiva e Coletivo Operante.
Despues, el gran baile com lo DJ Zé Pereira.
Valeu Gisele!
"Parece que, finalmente, a campanha começou. Primeira providência: calar a boca de quem não elogia.
“Professor,
Não vou comentar a decisão da Justiça. Cumpri e agora tenho o direito de recorrer.
Mais curiosa que a decisão é o conteúdo dos posts elencados pelo alcaide candidato.
Abrangem a cobertura da Moeda Verde, da Lei da Hotelaria, da cassação do Marcílio Ávila e do Juarez Silveira, da revista Perfil Magazine (não tem?), do Bradesco, LHS, Dário Berger, Marco Tebaldi, Coruja, críticas à cobertura da mídia catarina, aeroporto Hercílio Luz, Fatma, e por aí vai.
São 90 posts, 60.000 palavras 359.000 caracteres e centenas de imagens da fina gente barriga verde.
Mas os tempos são outros. E há juizes em Berlim.”
O momento musical em que vive a Ilha de Santa Catarina pode ser considerado sem precedentes. Não que a música autoral catarinense nunca tenha sido fomentada, tentada e batalhada pelos nossos músicos. Desde os anos 80 Floripa teve momentos cíclicas e diversas bandas que levantaram a bandeira – Expresso, Engenho e Tubarão são exemplos claros de um tempo onde nossa música era forte e sobrevivia, inclusive com o apoio da grande mídia. No decorrer dos anos 90, as coisas ficaram mais difíceis, mas mesmo assim tivemos ótimas bandas, como Stonkas Y Congas, Primavera nos Dentes, Phunky Buddha, John Bala Jones, Tijuquera, Iriê e nós mesmos, do Dazaranha.
Agora vivemos um momento único, cujo epicentro é o nosso bairro, João Paulo, que também nos oferece o Gente da Terra, Luciano Bilu entra outros promissores nomes. E este epicentro se consolida com o advento da Célula – centro cultural que abriga shows e eventos originados pelo Clube da Luta. Trata-se de uma reunião de bandas nunca vista na Ilha e que promete catapultar nossa música autoral para níveis nunca antes alcançados. Articulados, os grupos começam a se unir para tomar de assalto à cena nacional. E os primeiros frutos já estão aparecendo, como o portal My Space, que dedica o mês de julho à cena catarinense. Tudo está apenas no início e ninguém perde por esperar o que está por vir.
23h58 - Chegada alvissareira à redação. Ninguém na sala de escuta. Mal sinal.
0h00 - Conversa pelo rádio com o ‘motora da madruga’. “A chapa esquentou no Morro Azul, cumpadi”, ele me avisa.
0h01 - Um minuto de plantão e já sei. O crime do Morro Azul (bom título para um livro policial juvenil, hein?) vai me custar um passeio pela comunidade, que, revoltada com a morte de um rapaz no pé do morro, achou por bem incendiar carros, espalhar lixo, interditar ruas e depredar lojas pelo Flamengo. Pra marcar uma posição, sabe? Aparentemente, a culpa é da polícia. Pela morte do rapaz, sim. Mas e quem paga pelos carros incendiados, vitrines quebradas etc.? Ninguém quer saber de conversa. O negócio é ação, reação, destruição.
0h11 - Leio e “corto pelo pé” a notícia sobre morte e descontrole social no Flamengo. É, tá ruim pra todo mundo. Depois, vou até o morro ver qual é. Contra a vontade, obviamente.
0h50 - Os homens se preparam para rebocar o carro da polícia, que se chama viatura e está bloqueado no morro. A comunidade está indócil. “Assassinos e covardem, mataram um trabalhador”, repete uma mulher. Um motorista de ônibus, copo de cerveja na mão, chama um PM pro pau. O PM, fuzil em punho, olha pro cara, furioso. O carro da polícia desce o morro, rebocado. Vaias para o carro. Alguém atira uma garrafa de cerveja. A viatura não tem uma janela intacta.
1h10 - A imprensa (falada, escrita e televisada) invade a 9ª DP, no Catete. Lá dentro, um garoto de 21 anos está apavorado. Ele viu a morte do rapaz e prestará depoimento como testemunha. Acho que ele preferia não ter visto nada.
1h17 - A aglomeração da imprensa na porta da DP atrai a curiosidade de quem passa em frente. Um rapaz com um violão na mão e um capacete de obras na outra passa entre jornalistas e policiais, tentando adivinhar, com o olhar, o que está acontecendo. Cinegrafistas e fotógrafos se acotovelam atrás de um registro da testemunha em pânico. Passa um carro e o motorista grita: “urubus!”. Um repórter grita de volta: “Porra, eu sou tricolor!”.
1h42 - Rodinha da imprensa em frente à delegacia. Alguém lembra que o morto era manco, cego de um olho e já havia sido vítima de bala perdida. “Ô, vida severina”, lamenta uma repórter. Outro conta de um lendário jornalista, em ação no morro horas antes, interrogando a viúva. “Desculpe, mas seu marido era manco da perna esquerda ou direita?”
2h05 - O rapaz do violão e capacete passa de novo. Observa mais uma vez a confusão. Pareceu ter ido embora sem matar a curiosidade.
2h38 - Outra testemunha, uma senhora, deixa a sala da delegada de plantão se queixando: “Se eu soubesse, tinha ficado na minha terra”. Ela e a mãe do rapaz apavorado (que ainda não testemunhou) começam a conversar. “Nessas horas é melhor ser surdo e não ver nada.”
2h48 - As senhoras desfiam um impressionante rosário de lamentos e denúncias contra os policiais. Histórias sem fim de abuso, desrespeito e ilegalidade. “A quem a gente pede socorro?”, uma delas pergunta para os repórteres. Vontade de me enfiar num buraco.
2h53 - Reparo numa placa na entrada da delegacia. “9ª DP - Delegacia Legal. Inaugurada em abril de 2002. Governador: Anthony Garotinho. Chefe da Polícia Civil: Álvaro Lins.” Isso explica muita coisa, não? Um repórter comenta: “Falta outra placa em cima dessa. Com a palavra ’Procurados’.”
2h58 - As duas senhoras continuam sua conversa. Uma diz: “Os policiais acham que são deuses, tiram a vida de qualquer um. Não quero que nenhum mortal tire a minha vida. Só Deus. Quero viver que nem a Dercy Gonçalves.” “Ih, menina, ela morreu hoje…”
3h05 - A delegada avisa que não vai falar com a imprensa. A imprensa decide ir tomar um café na padaria. O rapaz apavorado ainda não testemunhou.
3h15 - O fotógrafo honra a raça na padaria. “Eu quero um sanduíche de presunto e queijo.” “Ah, você quer um misto?” “Não, eu quero sanduíche de presunto e queijo. Odeio misto.” E a atendente: “Tá bom. Ô Válter, faz um misto!”
3h36 - No Largo da Cruz Vermelha, duas motos quase batem. O carona de uma delas grita alguma coisa para o piloto da outra moto e enfia a mão por dentro da camiseta, como se fosse sacar uma arma. O que gerou o comentário no carro: “Esses caras ficam brincando assim, passa a polícia e metralha todo mundo, agora que eles estão nessa de atirar antes de perguntar.”
3h40 - De volta à redação.
4h43 - Um passeio pela redação deserta pra espantar o sono. Se eu tivesse uma lanterna, seria o próprio zelador do museu.
4h49 - Uma ronda telefônica pelas delegacias. “Alô, é da 19ª? Alguma coisa aí pra gente?” “Não, tá tudo calmo, graças a Deus.” “Valeu. Alô, é da da 23ª? Tá tudo calmo por aí?” “Até agora sim, graças a Deus.” “Um abraço.” A cidade é uma calmaria desde que a polícia criptografou sua freqüência de rádio.
5h00 - Toca o telefone. “Ih, fodeu.” É o cara do plantão de uma TV. “É isso mesmo? Tá tudo calmo agora?” “Parece.” “Que bom.” “Nem me fala.”
5h14 - Vou ao banheiro.
5h16 - Bem melhor agora.
5h26 - Navegando. Parti do Arrastão (fundamental) e aportei de cara no download (CC) de ‘Mídia, Máfia & Rock’n'Roll’, do Cláudio Júlio Tognolli (editora do Bispo). Direto ao capítulo 8, sobre jornalismo cultural e ‘De como os cadernos do gênero estão cada vez mais escravos das assessorias de imprensa’.
5h35 - Envio, a quem de direito, pequeno relatório sobre meu passeio ao morro e à DP e volto ao texto do Tognolli.
6h02 - Ainda navegando. E contando os minutos. Faltam 58.
6h07 - “Surfar a crista da onda das ofertas de catálogos culturais, dos guias, é estar conectado visceralmente à torrente, ao fluxo. Não queremos mais tão-somente a arte que nos gera efeitos; queremos sentir o efeito de estar no fluxo, eis aí a mais nova leitura da frase “O meio é a mensagem”, de Mc Luhan.” Às seis da manhã, isso fez todo o sentido. Mas pode ser o sono. (p.144)
6h08 - Tem missa na TV.
6h18 - Soooooono, muito sono. E mais um cafezinho.
6h29 - Caralho-merda-puta que pariu, a porra do tempo não passa! (minha sincera homenagem à Dercy)
6h33 - Telefono pra um colega de infortúnio. “É isso, então?” “É isso mesmo.” Pelo menos pra gente fez sentido.
6h48 - Faltam 12 minutos pra alforria e me vem um poliça contar que está pra começar uma mega ultra uber operação de apreensão de balões “de grande porte”… em São Gonçalo? Um abraço!
6h53 -Liberdade! Com sete minutinhos de troco. Agora é só subir o post e cantar pra subir. Bom dia a todos e até uma próxima. Ou não, de preferência.
O ilustrador Arnaldo Branco teve uma tirinha da sua seção Mundinho Animal vetada pela direção do site G1. A justificativa é de que se tratava de uma "apologia à pirataria". Argumento reles bizarro eu diria, até porque a dita tira brincava (o que é a essência do gênero) com o discurso das campanhas contra a pirataria que afeta a indústria da música e do cinema. Assunto aliás dos mais polêmicos e que não encontra um denominador comum, quanto mais para impor um ato de censura. Tudo bem, assim como baixar música da internet é crime, a gente também faz de conta que experimentamos a plenitude da liberdade de imprensa nesse país. Depois eu conto aquela do papagaio!Falou e disse.
I am Sam Moore the lead voice of the duo Sam and Dave whose recording of “Hold On I’m Comin” your campaign has been using at your rallies.
Unfortunately, I have been contacted by various media outlets because of a story on yesterday’s Newsweek blog about how my signature song as part of Sam & Dave was blasting for 18,000 adoring admirers of yours at a rally in Dallas and how the crowd was singing along and even spontaneously changed the words to “Hold On Obama’s Comin”. Questions have included: Why do I want you to be President? Have we met yet? Am I honored that my song was selected to be so important to the Obama for President Campaign?
I have had no choice but to set the record straight and I have begun explaining that the song was being performed at your rallies without my permission or my endorsement of you as my choice as a candidate for President and that I was writing this to you asking you to not continue including my material at your events.
I must request that you instruct your team to cease and desist from playing the song as I was not asked if I minded that my performance, as well as my name and the little bit of fame I enjoy, was associated to your bid to win the nomination of your party as their candidate for President of The United States of America, our wonderful country.
I have not agreed to endorse you for the highest office in our land.
I reserve my right to determine who I will support when and if I choose to do so.
My vote is a very private matter between myself and the ballot box. My endorsement and support of a candidate, because I do carry some celebrity, makes is quite a different matter changing a private act to a public statement, something I wouldn’t do without considerable thought.
I therefore must stand firm on being given the respect and courtesy of being asked if I mind having my talent, name and fame associated to you or any other candidate running for office, for that matter.
I do wish you well in your quest for the nomination. Having been hit with rocks and water hoses in the streets, in the day with Dr. King as part of his artist appearance and fund raising team, it is thrilling, in my lifetime, to see that our country has matured to the place where it is no longer an impossibility for a man of color to really be considered as a legitimate candidate for the highest office in our land.
Ao longo de 210 páginas, recheadas com transcrições de interceptações telefônicas e de e-mails, relatório da Polícia Federal que investiga Daniel Dantas e o Opportunity é exaustivo na descrição dos passos seguidos pela Polícia e dos supostos indícios que permitiram aos delegados Protógenes Queiroz e Karina Murakami Souza chegar à conclusão de que “Daniel Dantas é o chefe da organização criminosa, envolvida com o cometimento de delitos contra o Sistema Financeiro Nacional, contra o mercado de capitais e de lavagem de dinheiro”.
Os delegados federais registram que ainda não há definição legal para o conceito de organização criminosa, mas apontam que as investigações encontraram quase todos os indícios de uma organização criminosa: previsão de lucros, hierarquia entre seus membros, planejamento empresarial, divisão de trabalhos, ingerência no poder estatal e na imprensa, mescla de atividade lícitas e ilícitas para dificultar a atuação dos órgãos públicos encarregados da persecução penal. “No caso em tela, encontram-se presentes todas estas características”, afirma a delegada no documento.
Há ainda a declaração de que o grupo mantém proximidade com autoridades públicas, lobistas, jornalistas, grandes empresários, “pessoas muito bem articuladas, uma vez que esses contatos nas diversas esferas públicas e privadas são necessários para que esta organização criminosa continue atuando de forma protegida”.
O álbum dá continuidade aos tons invernais de A Estética do Rabisco, disco de estréia que saiu em 2007 pela Dubas Música / Universal, e além dos elogios na imprensa brasileira, entrou pra a lista de melhores discos de 2007 segundo o crítico da Down Beat e Chicago Reader, Peter Margasak. Foi ainda indicado como uma das revelações de 2007 na revista Muziq – Jazz Magazine – Paris – pelo crítico musical Dan Yvnek.
Com uma roupagem calcada no folk e pitadas de progressivo e psicodelia, o novo trabalho remete a uma sonoridade setentista - o compositor, cantor e violonista é fã dos primeiros discos de Fagner, Belchior e Clube da Esquina e foi produtor musical do projeto Álbum Duplo - Clube da Esquina, realizado no SESC Pompéia em 2007, que contou com participação de Beto Guedes.
"Bastante conhecida do público norte americano e cada vez mais conquistando os palcos brasileiros, stand up comedy é um tipo de humor onde o comediante apresenta – se sem o auxílio de personagens, adereços ou jogos de cena, “de cara limpa”, munido apenas de um microfone e sua capacidade de encontrar graça nas mais absurdas situações. O humorista não conta piadas conhecidas do público (sabe aquela do papagaio?) e prepara um material original através da sua observação do cotidiano.
Em outras palavras, estamos falando de pessoas cara de pau o suficiente, para se apresentarem em frente a um bando de desconhecidos, falando da vida de forma irônica e geralmente tirando sarro de suas maiores tragédias. E torcendo silenciosamente para que riam de alguma coisa, ou para que pelo menos não atirem tomates, ovos ou garrafas de cerveja".
Desde menino, todo mundo diz que a voz de João é bonita. Ele canta em aniversários, nas reuniões do clube e da escola. Os parentes, amigos e conhecidos falam sempre que João tem muito jeito, é melhor do que muito artista da televisão. Um dia, João acredita e vai ser cantor. Não há muitos caminhos a escolher. Os programas de calouros pouco podem oferecer, mas é geralmente o primeiro passo. Cedo João percebe que o mundo artístico é bem mais complicado do que imaginava. Os responsáveis pelos programas de calouros estão mais empenhados em se autopromover do que em arranjar-lhe uma oportunidade. Então ele tenta lançar um disco. Vai de gravadora em gravadora, as respostas são parecidas: "Volte na semana que vem." "Infelizmente, nosso elenco está completo." "O encarregado não está."
Alguém aconselha João a arranjar um empresário, uma espécie de quebra-galhos profissional. Pela mão do empresário, João entra numa gravadora. Faz seu primeiro compacto. Começa então a caitituar, a divulgar seu disco. Levanta de madrugada para correr as emissoras de rádio. Os disk jockeys precisam ser visitados, adulados, comprados. Muitas vezes a carreira de João fica por aí mesmo. O disco não pega, a gravadora não lhe dá mais oportunidades. João vira porteiro de boate, divulgador de emissora, faz-tudo da televisão.
Pode acontecer, porém, que o disco estoure nas paradas de sucesso. O empresário conhece muita gente, consegue notícias no jornal, fala com os produtores de tevê e João é escalado para um programa. Nessa época, acontece talvez a coisa mais importante de sua carreira. Ele passa a ser considerado como um provável futuro ídolo. João agora precisa de uma imagem e um nome. Os Beatles não eram os Beatles antes que o empresário Brian Epstein criasse sua imagem cabeluda e inconformista. Nem Roberto Carlos, nem Wanderléa, nem Elis Regina alcançaram o estrelato sem antes serem estudados, catalogados e encaixados numa figura que nem sempre corresponde à realidade. A imagem é escolhida pelo empresário. O nome também: que tal Rob Lee, ou Carlos Augusto?
Praticamente todo o futuro de João está em jogo, mas ele não decide, nem ao menos influencia nestas escolhas. O empresário segue a moda do momento. O público quer um rapaz de olhar triste, jeito tímido, que veio da pobreza: um novo Roberto Carlos, com quem os garotos se identifiquem e por quem as meninas de apaixonem. João se transformará neste personagem. Ele pode ser alegre e extrovertido, mas terá que fingir que é triste e tímido. Pode ser da classe média, inventarão que passou miséria. Se o público recusar esta imagem, haverá mais um fracassado pelas redações de jornais e revistas, pedindo uma notícia, uma reportagem. Será o eterno freqüentador dos corredores de tevê, adulando produtores e diretores, gravitando em torno de um ídolo. João não ficará sozinho. Há muita gente na mesma situação dele.
Se a imagem for aceita, João se transformou em ídolo. Sua batalha agora é manter a posição. Os astros têm saúde delicada, morrem de diversas doenças: má orientação na carreira, escolha errada da imagem, tudo isso mata lentamente, numa agonia dolorosa e prolongada. João pode ser atacado deste mal. Se não vier um segundo sucesso, a moléstia é fulminante. João teve uma música nas paradas de sucesso. O público gostou, mas ficou esperando mais. Mas João não tinha mais o que mostrar.
Falta de amadurecimento artístico, lançamento prematuro, apoiado apenas num pistolão, mata ainda mais rapidamente. João cometeu o mesmo erro de tantos outros. Não tinha música nas paradas, nem era conhecido, mas conseguiu a proteção de um sujeito importante na tevê. Foi lançado como astro nos principais programas de uma emissora. O público não se deixou enganar. João não tinha o que mostrar. O público não teve pena de crucificá-lo.
Tirado daquela seção de editoriais não-assinados nas primeiras páginas da revista Realidade, década de 60.
Aqueles que confundem o não-essencial como sendo essencial
E o essencial como sendo não-essencial,
Abrigando pensamentos incorretos,
Jamais chegam ao essencial.
Ontem, sentado numa mesa junto a alguns integrantes da classe média conservadora da Tijuca ouvi por pelo menos meia dúzia de vezes a expressão "povinho de merda".
Como não tinha argumentos (e nem queria argumentar), fiquei anotando, num guardanapo de bar, como se comporta um autêntico vira- latas rodrigueano.
Pesquei 10 características típicas.
1. Use a expressão "povinho de merda", sempre quando for necessário.
2. Faça comparações com líderes (por exemplo, compare os salários do Brasil e dos EUA, e desconsidere o PIB 10 vezes maior deste último)
3. Torne exclusivo do Brasil males que também ocorrem em outros países
4. Silencie sobre nossos progressos.
5. Aponte como único aspecto favorável do nosso povo a descendência imigrante em algumas regiões do país. Desde que seja da Europa germânica, do leste, ou Japão.
6. Esqueça os problemas dos outros emergentes. Aliás, só lembre dos outros emergentes, naquilo em que estão melhores que nós.
7. Aponte o nosso 'pendor à diversão e à preguiça" (use o samba e o futebol como exemplos) e "nossa aversão ao trabalho".
8. Exagere nosso "comodismo" e fale que na Argentina "isso já tinha dado em panelaço".
9. Diga que nossa música é primitiva, batuqueira.
10. Conte a piada da conversa com Deus sobre as desgraças geológicas e climáticas em outros países. E acentue a sentença final: "Mas você vai ver o povinho que vou colocar lá". Não importa que outros já tenham ouvido esta piada. O importante não é fazer rir. Mas fazer chorar.
André,
Cabe a nos simplesmente agradecer pela festa que vcs proporcionaram ao NOSSO público! Quando digo NOSSO, digo do Patrola e do Clube.
Lamentamos profundamente tudo que aconteceu. Assim como vcs, nosso estresse era intenso nos últimos dias e a indignação tb. Fomos apenas avisados por email e tb pegos de surpresa pela falta de profissionalismo e caráter de uma casa que, desde o começo, não era o nosso "local" preferido.
Infelizmente ainda barramos e somos limitados por questões comerciais e "maiores" que nós. Mesmo assim, tb acredito e pude perceber que conseguimos ser maiores que tudo isso.
Editorialmente e musicalmente estamos satisfeitos pois, assim como vcs, eu, Lele e Tata fizemos o que podíamos com raça, amor e coragem!
Desde quando acompanhamos o começo do Clube, assumimos a luta também. E vamos continuar, sempre. Mesmo que grandes "casas", "marcas" ou seja lá o que for continuarem a abocanhar nossas possibilidades.
Leve nosso cumprimento e o nosso agradecimento de coração a todos os músicos e bandas. Pedimos desculpas pelas atitudes que não foram nossas, mas que afetaram o trabalho de vcs.
Temos muita esperança e vamos batalhar para que as coisas mudem para o ano que vem, de verdade.
Um grande abraço de toda nossa equipe.
Zé, Tata e Lele.
Também acho que não dá pra facilitar, quando se negocia com prefeitura, sindicato de patrões e sei lá mais quem. Mas o prejuízo que os motoristas e cobradores causam a cada um dos usuários, que são tão vítimas quanto eles, é inexplicável, indesculpável e deveria ser inesquecível.
Anotem nos caderninhos o que sofreram hoje, pra que quando alguém inventar de colocar veículos de transporte coletivo automatizados, sem motorneiros e cobradores, a população não fique morrendo de pena nem se coloque do lado dos “coitadinhos”.
Lembrem-se que, ao planejar as lutas deles (que até podem ser legítimas e necessárias), nada fizeram para evitar o dano à parte mais fraca e sofrida. Que deveria ser tratada melhor, para apoiar a luta, para testemunhar que eles merecem ser melhor pagos.
Com tamanha insensibilidade política e humana, eles se igualam àqueles a quem acusam de maltratá-los. Farinha do mesmo saco. Se merecem.
Em minhas observações como médico, tenho relacionado de modo muito significativo o viver mais com o interesse que a pessoa tem pela vida. Objetivos, metas e lutas para se conseguir algo importante prendem a pessoa na Terra. Esses motivos anímicos são os que realmente ajudam a viver mais. Esportes e exercícios ajudam a ampliar o círculo de relações e possibilitam a queima da tenebrosa adrenalina com alívio momentâneo dos males do espírito. Nada mais que isso. Fisicamente, até prejudicam, pois provocam cansaço cardíaco e deformações articulares que passam a ser mais uma carga de amolação. O negócio é viver bem. O exterior segue cegamente os comandos medulares. Se você se sente sossegado e seus pensamentos não rangem, saiba que vai viver mais.
Geraldo Siffert Júnior
Médico - Rio de Janeiro