
"A sabedoria me diz que não sou nada. O amor me diz que sou tudo. Entre os dois, minha vida flui".
Nisargadatta Maharaj
A operação conjunta da Susp, Floram, Corpo de Bombeiros, Delegacia de Jogos e Diversões e Ministério Público que fechou vários bares da Lagoa da Conceição, na última terça-feira, é resultado da operação Silêncio Padrão, de todos esses órgãos, que em outubro deve ser intensificada ao receber a adesão da Vigilância Sanitária. O delegado e gerente de fiscalização de jogos e diversões, Arilto Zanelatto, explica que as interdições tiveram diferentes motivos: em alguns bares, foram por falta do alvará acústico, emitido pela Floram. Em outras, faltou o habite-se da prefeitura.
Ao longo da semana, os empresários regularizaram suas licenças e quase todos já tinham autorização para funcionar novamente, mas sem música ao vivo. Para essa, é preciso o alvará, para o qual é necessário o habite-se. O problema é que 90% é área de preservação permanente, onde, teoricamente, nada poderia haver sido construído, e os terrenos não têm escritura pública, são de posse. Assim, em Florianópolis, existem os alvarás ex-ofício, provisórios, e aí ninguém tem muita certeza de nada. Outra questão é que, para a emissão do habite-se, os estabelecimentos devem ter seis metros de afastamento da via pública (a rua) e estacionamento.
Cláudio Silva, do Drakkar, pergunta: se o problema é o habite-se, não o laudo acústico (que está em ordem), por que pode funcionar sem música, mas não com música? É estranho mesmo.
No fechamento da coluna, era aguardada uma reunião dos órgãos competentes para decidir o que será feito disso tudo. É uma série de questões sérias e importantes: se os bares com música não podem ficar na Lagoa, que sempre foi seu reduto, para onde vão? Ou não têm vez em Florianópolis? Se não tiverem, que tipo de turismo e cultura queremos na Ilha? O negócio é só boi-de-mamão e resort? As perguntas são sinceras, não são retóricas, não.
" A xenofilia que contamina algumas lideranças de nosso Estado merece reavaliação. Se de um lado é impossível dar as costas para as maravilhas artísticas produzidas lá fora, impõe-se maior atenção aos grupos que enriquecem a cultura regional catarinense, em todas suas manifestações".
"Como nós, jornalistas e publicitários, vamos lidar com as novas tecnologias? Indagação com maior taxa de aflição: qual o conteúdo dos novos programas que virão coma digitalização na TV, acessíveis pelo celular? A dominação cultural será ampliada ou surgirá rico mercado para as agencias de propaganda e de produção local independente?
O horizonte próximo não é animador. E aí que cabe um esforço de todos - profissionais da informação e publicitários - na prioridade para a realidade local, para a cultura regional, para os valores da cidadania e para os princípios que há milênios nos proporcionam felicidade.
Falo da necessidade urgente de olharmos mais para Santa Catarina, este maravilhoso e invejável arquipélago de ilhas econômicas, geográficas, étnicas e, sobretudo, culturais, com talentos artísticos sem espaços e sem a merecida visibilidade".
"Nossos governantes estão envelhecendo e perdendo sua capacidade de ereção e descontando suas frustrações no povo..."
Deputada pede licença para existir politicamente
Abaixo transcrevemos o discurso inteiro da deputada federal Manuela D’Ávila (PCdoB-RS) proferido por ocasião da Sessão de Homenagem aos 50 anos do grupo midiático-partidário RBS, realizado na Câmara Federal, no último dia 18 de setembro, às 11h48.
Manu finaliza o discurso laudatório com uma tradicional saudação chinesa – Longa vida à RBS! – muito usual nos tempos maoístas da sua legenda partidária, reconvertido depois a uma duradoura inspiração albanesa – aquela sociedade “modelar” do stalinismo retardatário de Henver Hodja. Hoje, o PCdoB está mais modesto, modela-se pelos figurinos das velhas raposas eleitorais do antigo PSD, que não podiam viver longe dos macios e silenciosos tapetes e passadeiras palacianos.
Assim, a jovem deputada “comunista” fez o seu debut oratório no parlamento brasileiro, pedindo ao patronato midiático da província licença para existir política e eleitoralmente. A parlamentar quer concorrer à prefeitura municipal de Porto Alegre na próxima feira eleitoral. No discurso abaixo ela mostra na íntegra a sua de-formação político-ideológica, e como o hilário protagonista do Samba do Crioulo Doido do imortal Stanislaw Ponte Preta, atravessa um Maquiavel-a-la-minuta na fala e depois espeta um Pierre-Bourdieu-requentado na conversa tão fluída quanto confusa.
Noves fora os esbarrões e orelhadas pseudo-culturais, Manu cumpre o seu desiderato: puxa solene e desavergonhadamente o saco escrotal dos dirigentes do grupo midiático-político-eleitoral RBS. Entregou a rapadura, como se diz no centenário Bar Naval, aquela reserva etílico-moral de sábios e doutos do Mercado Público de Porto Alegre. E quem entrega a rapadura antes das eleições – digo eu mesmo, por conta e risco – entregará o canavial inteiro depois...
Procuradores da República entrarão com uma ação na Justiça Federal em Santa Catarina contra o grupo RBS, informa matéria de Raquel Casiraghi, da Agência Chasque. Eles acusam a empresa da prática de monopólio e de ter mais de duas emissoras no Estado, o que é ilegal. A RBS, segundo os procuradores, também desrespeita a legislação que estipula que as TVs cedam espaços em suas programações para iniciativas locais. Segundo Celso Três (foto), Procurador da República em Tubarão, a idéia da ação surgiu após a RBS comprar, em agosto de 2006, o jornal A Notícia, de Joinvile. Com o negócio, a empresa passou a dominar ainda mais o mercado de jornais em Santa Catarina, o que, na avaliação do procurador Celso Três, é prejudicial à população. Além do A Notícia, a RBS é proprietária dos jornais Diário Catarinense e Jornal de Santa Catarina. Situação semelhante ocorre no Rio Grande do Sul, onde a RBS é proprietária dos jornais Zero Hora, Diário Gaúcho, Pioneiro e Diário de Santa Maria.
O procurador disse à Agência Chasque: “Como em qualquer lugar o monopólio da mídia é terrível, é pior do que o monopólio em qualquer outro setor. Ele evidentemente trás danos ao consumidor. Quando falamos em mídia a situação é pior ainda, já que tratamos do princípio da pluralidade que está na Constituição. Não existe democracia sem imprensa livre, mas a liberdade de imprensa pressupõe a pluralidade, não existe liberdade de imprensa tendo um monopólio”.
Os procuradores querem anular a compra do jornal A Notícia, fazendo com o que o mesmo volte para antigo proprietário ou seja vendido para terceiros. Além disso querem alterações no sistema de televisão da RBS. Segundo Celso Três, a empresa possui seis emissoras em Santa Catarina, quando a lei permite até duas. Ele apresentou um exemplo dos efeitos negativos do monopólio midiático: “na última eleição em Santa Catarina passamos a campanha inteira ouvindo da RBS que sequer teria segundo turno, através do Ibope. Ocorreu o segundo turno, em que a RBS afirmava que a diferença entre os dois candidatos era de mais de vinte pontos percentuais, e no final, a diferença foi de 5%. Todo mundo sabe que a indução maciça eleitoral em favor de um ou outro candidato influi diretamente no eleitorado. E para resolver isso não adianta impedir as pesquisas, querer tirar do ar a emissora, a questão está justamente em permitir a pluralidade”.
"Se o diretor do filme está feliz por terem pego o copiador deveria ficar ainda mais por conta da película em questão entrar para a história do cinema brasileiro justamente pelo mesmo fato. O primeiro longa metragem brasileiro a ter se manifestado na era digital e com todas as questões que a envolvem.
E aproveitando vou me ater a uma questão para mim preciosa e da qual já falei aqui no diginois.
Um filme financiado com dinheiro público deveria ter DVD's baratos para serem vendidos nas ruas, caso contrário o crime "organizado" vai lá e faz. Nem todo mundo tem dinheiro para ir ao cinema.
Não precisamos ter um modelo audiovisual que imite o modelo americano com apenas o sistema filme-distribuidora-(poucas) salas de cinema. Podemos inventar o nosso modelo e ele pode passar por uma maior democratização da cultura num país fudido".