quinta-feira, 6 de novembro de 2008

Guerra intestina

Enquanto isso no Brasil, a Polícia Federal investiga os policiais que fizeram parte da Operação Satiagraha.

Neste post que reproduzo, Luís Nassif tacou lenha na fogueira. Confira e tire suas conclusões.

Boa tarde, Nassif.

Sou Policial Federal e me orgulho muito disso. Mas infelizmente o momento interno da PF não é dos melhores.

Nunca manifestei em blog’s, paineis de leitor e outras coisas do gênero, mera discrição, mas hoje preciso desabafar e você é um dos poucos jornalistas em que confio no momento.

Acompanhei várias investigações podendo citar como principais: “Law Kin Chong (Capela), Maluf (Bob Pai), Máfia do apito (Atenas e Atenas II), MSI/Corinthians (Perestroika) e Daniel Dantas/Naji Nahas (Satiagraha).

E aprendi a observar jornalistas, lendo o que eles escrevem sobre o que vi nesse tipo de trabalho. Muitos “pescam” situações isoladas e depois “complementam” os espaços vagos com suas ideologias, releituras, “outras fontes” etc; por vezes “criando” versões totalmente dissociadas dos fatos.

Você, Nassif, no momento é o que traz notícias e comentários mais próximos à realidade, não questiono se isso é relevante, apenas descrevo um fato, não o vejo comprometido com interesses políticos ou econômicos (o que pra você pode até ser ruim já que muitas vezes a sobrevivência financeira do jornalista depende de agradar os interesses dos financiadores dos meios de comunicação)

Em se tratando da Satiagraha, as informações disponíveis na internet são poucas (em comparação ao volume de dados coletados durante os trabalhos e o número de pessoas envolvidas que não foram presas). Se um jornalista sério tivesse acesso a 10% dos dados coletados já teríamos uma revolução no país, iniciada pela mídia. Muitas vezes me vi tentado a explicar o que muitos leitores questionam em seu blog, mas por motivos legais (sou funcionário público e estaria cometendo crime sujeito a demissão) não posso ajudá-lo, mas posso dizer que “todas as análises que você fez sobre o caso Satiagraha estão corretas”.

Hoje pela manhã recebi a visita de alguns colegas da PF, tinham um mandado de busca e apreensão para cumprir em minha casa, foi chamada de “operação G” (será que o “G” é de Gilmar ???). Acordei minha esposa e meus filhos para que acompanhassem as buscas em nosso apartamento, estavam “procurando grampos ilegais e mídias”, como todo o trabalho em que participei sempre foi respaldado por autorização judicial (seja a interceptação telefônica, ambiental ou ação controlada), não havia nada a ser encontrado, como não
encontraram.

Está apenas difícil de explicar para meus filhos e esposa que eu trabalhei honestamente como Policial Federal, não aceitei a proposta de suborno de um milhão de dólares, encontrei muita prova contra as pessoas que foram investigadas na operação Satiagraha e hoje recebi em minha residência busca autorizada pela justiça de Brasília e cumprida pela PF.

Entendi o recado... se quiser trabalhar, faça o trivial. Se quiser investigar, investigue um “peixe-pequeno” (ou seriam os três “P”), mas o melhor é que até agora não encontrei nenhuma linha na internet dizendo: “Policiais Federais que trabalharam na Satiagraha são alvo de busca e apreensão em suas residências como reconhecimento pelos trabalhos prestados.”

Realmente não é um dia dos melhores, mas com certeza o número de pessoas indignadas com esse tipo de situação está cada vez maior e essa “revolução silenciosa” não vai tardar. É o que penso, espero... peço a Deus.

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