terça-feira, 3 de março de 2009

Desencanto

Assim que saiu da bad trip racional em 1976 Tim Maia gravou um discaço todo cantado em inglês de onde tirei essa pérola. É um de seus álbuns menos conhecido mas dos melhores.

Tim Maia - Let's Have a Ball Tonight

Na época Tim estava praticamente falido e com a banda reduzida a Paulinho Guitarra, Dom Pi nos teclados e Carlinhos Simões no baixo. Ele tocava bateria e cantava nos ensaios e no disco. Quando pintava um show chamava Paulinho Braga pra assumir as baquetas.

Essa foto da banda na contracapa rende uma das melhores histórias contadas por Nelson Motta na biografia de Tim.

Encontrei aqui mais alguns outros"causos" que o músico Dom Pi relata. Segue um:

TENSÃO EM UBERLÂNDIA

O festival era pelo aniversário da cidade. Estavam programados três dias de shows de rock numa espécie de Woodstock mineiro, com muita loucura, drogas e som pesado. O Maia, que estava “estourando” no Brasil, foi programado para ser o último, encerrando a festa em grande estilo.

Bem, logo no primeiro dia, houve evasão de renda da bilheteria e os artistas que se apresentaram antes do Maia tiveram sérias dificuldades para receber seus cachês. Eles tinham seus empresários no local, o que, em tese, facilitava as coisas. Nesses dias, o Maia havia brigado outra vez com a Janete e tava no hotel derrubando garrafas e mais garrafas de malte escocês – e não estava nem aí para nada. Mas, na hora marcada, lá estava o Maia no estádio lotado, levando a platéia ao delírio. Ele cantou legal, encerrando a festa com chave-de-ouro. Uma pessoa tinha sido encarregada de receber o cachê com o empresário. Era um dos organizadores do evento, que ficou mais próximo de nós.

No final, ele chegou para o Maia e disse que o pagamento seria feito com um cheque, que logo pensamos: borrachudo, é claro! O Tim ainda tentou argumentar, mas não havia jeito... O detalhe é que todos os outros músicos haviam recebido em dinheiro vivo.

Bem, depois do concerto foi oferecido um jantar numa discoteca da cidade aos artistas e músicos. Nessa época, havia sido lançado um carro de luxo, o Dodge Dart, carro caríssimo. O empresário tinha um amarelo, zero quilômetro. O Tim gostou do carro, inclusive foi dirigindo do hotel até a discoteca. Durante a festa alguém teve a idéia: se no dia seguinte teríamos que estar em São Paulo, para uma gravação em televisão, por que não seqüestrar o Dodge até o cheque ser compensado na segunda-feira?

Ótima idéia. Um dos músicos pediu a chave do carro para levar o Maia pro hotel e... voltar logo. O cara não desconfiou de nada e, todo sorridente, entregou as chaves. Foi um tchau! No dia seguinte, estávamos hospedados em outro hotel, em Sampa. Na segunda-feira, quando foram compensar o cheque, ficou confirmada a qualidade de borrachudo. O Maia, que tinha de estar de volta ao Rio em dois dias, se perguntou: o que fazer com o carro? Ele tinha um Alfa-Romeo de luxo e não iria precisar de mais um. Então, ele viajou e o Dodge ficou lá, no estacionamento do hotel. Como o veículo nunca foi reclamado pelo proprietário, o carro foi ficando, ficando... até que, um dia, virou propriedade do hotel, tendo inclusive recebido um logotipo da empresa: Hotel Rosas.

Me lembrou fato semelhante acontecido coma banda Dazaranha e que me foi contado pelo Adauto.

A banda fez um show em Brusque e sentindo que não iam receber o cachet não tiveram duvidas. Pegaram uma moto pertencente ao contratante caloteiro e meteram no bagageiro do ônibus e a trouxeram para Floripa. Só devolveram quando chegou o din-din.

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