sexta-feira, 4 de julho de 2008

Memória da música pop catarinense


Com a devida autorização de seus autores o blog Esquerda Festiva traz para a internet um documentário histórico. O retrato de uma cena musical que sacudiu Floripa e Santa Catarina nos anos 90, da qual participei como idealizador, guitarrista e compositor da banda Phunky Buddha.

O vídeo Sete Mares Numa Ilha, lançado em 1999, foi parte de uma tese de doutorado da psicóloga social Kátia Maheirie que - junto com o jornalista André Gassen - analisou as reais conexões entre os "sete mares" da Ilha de Santa Catarina e a tentativa de se estabelecer uma cena a partir do trabalho de bandas com propostas diversas. Participam Dazaranha , Iriê, Stonkas y Congas, Tijuquera, Phunky Buddha, Primavera nos Dentes e Rococó. Esta última se tornaria o John Bala Jones.

Algumas lições para hoje, boas risadas e cenas levemente constrangedoras, incluindo o tombo de skate de Jorge Gómez que o afastou do contrabaixo por umas semanas.

Para situar um pouco.

No início dos anos 90 surgiu no atual bairro João Paulo em Florianópolis - então conhecido como Saco Grande - a banda Dazaranha que priorizou o repertório autoral e influenciou toda uma turma que gravitava pelo antológico Boulevard da Lagoa, pelo centro de artes da Udesc, festas no Morro do Badejo, Luau na Mole, Berro D'água, L'Equinox, Fly, Barulho do Mar e por outros pontos da boemia underground numa noite menos segmentada do que a atual.

Várias bandas surgiram tocando suas composições e logo havia um público cativo para muitas delas. Um bom exemplo do qual posso falar com propriedade foi o que se pode considerar o primeiro show oficial da Phunky Buddha. Numa noite em que fomos a única atração no Barzil na Lagoa da Conceição, estiveram presentes 470 pagantes. E na época só tocávamos nossas músicas e apenas um cover ou outro pelas apresentações que logo aconteciam por todo o interior do Estado e no Paraná.

E assim era com todas as bandas entrevistadas por Katita e Gassen. Como lembrou o Marcinho da Costa num papo outra noite no Célula, "naquele tempo a gente recebia uma porrada de telefonema para contratar shows e hoje só correndo atrás".

As bandas tocavam quase todos fins-de-semana em bares, eventos e festas. Esboçou-se um movimento mas não havia interação entre músicos, respaldo da mídia e a internet em seus primórdios era acessível para poucos.

Atualmente há um renascimento sobre bases mais sólidas. Santa Catarina é certamente um dos segredos mais bem guardados da música brasileira. Há uma efervescência nas ruas. Iniciativas pipocam pelo Estado. Em cada região alguns jovens empreendedores buscam consolidar um circuito para a música autoral catarinense. Esta é a nossa luta. Clube da Luta, Marcos Espíndola, Mundo 47, Válvula Rock, Célula, Barba Ruiva, Insecta, JB Pub, Tra-lá-lá, Devassa/Rocket/RaveMetal, Fancaria, Curupira, Psicodália, Rural Rock, Sol da Terra, Tschumistock e Transitoriamente
são alguns dos muitos outros festivais, bares, espaços culturais, músicos, jornalistas, produtores, blogueiros, fotógrafos, ativistas e entusiastas que movimentam o cenário.

Um agradecimento ao Jeco Thompson que me deu uma cópia digitalizada pois eu só tinha o original em VHS.

Divirtam-se. Lembrando que clicando na cruzinha você assiste o vídeo em tela cheia.



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7 comentários:

Unknown disse...

Noooooooooooooossa !!
Q maravilha ver esse video novamente...
Foi uma fase maravilhosa na minha vida!
E q sonzeraaaaa!!!
Adorei o blog tbm, nao conhecia!
Sucesso!bj

gustavo barreto disse...

maneiro!!

uma boa iniciativa colocar esse vídeo na web!

um grande retrato de uma época seminal para a música de Florianópolis e de SC!

parabéns a todos que continuam na ativa!dá-lhe!!

Gustavo Barreto

Acelio Filho disse...

Massa!
Vi algumas das gravações deste vídeo e participei desta cena.
Junto com outro amigo, fui dono do primeiro bar do Bulevard da Lagoa que ficava aberto depois das 22h, em 1996.
Depois de uma semana mantendo aberto até ás 2h da manhã, os outros bares (Martinica e Banana's), também aderiram. Abrimos espaço para as bandas tocarem. A partir daí começava a renascer a noite da Lagoa.

Depois fiz um fanzine chamado Vitrine Cultural, de 1998 à 2000. Não havia caderno de cultura em nenhum jornal. Fiz várias matérias com as bandas locais, mostrando seus CDs e reclamando do descaso da mídia local com nossos artistas...
Promovia a união das bandas, e isto rendeu até duas festas, no Café Matisse, com shows coletivos das bandas Dazaranha, Iriê, Phunk Budda, Stonkas Y Kongas, Brasil Papaya, Realdade Suburbana, Índice, MBG (Garopaba), Pirâmide, Valdir Agostinho... O Vitrine morreu porque não haviam anunciantes que quisessem apoiar a arte local. Isto não mudou muito, né?
Grande época...

Ulysses Dutra disse...

Oi Dechri

Obrigado mesmo. Seja sempre benvinda ao blog.

Barretox,

Como tu falou foi uma época seminal. Os frutos colhemos hoje.


Daí Acélio,

Muito legal tua história como um pioneiro em diversas atividades. Participei de vários dos teus projetos que ajudaram a movimentar aquela época. Eu só não sabia que tinhas tido um bar no Boulevard.


Eu acredito que isso que você falou está mudando por 2 motivos:

1)Mais profissionalismo

2)Mais conhecimento

Foi uma grande época mas hoje vivemos dias bem mais interessantes e cheios de oportunidades.

Um abraço

Anônimo disse...

Mr. Ulysses,
Que maravilha poder ver o "tempo" do sofá de casa e da mesma maneira levantar e ir a luta com ainda mais ânimo e motivação. Esse documentário promove isso também, o encontro dos tempos, uma fotografia para o futuro.
Grande abraço,
Antonio

Anônimo disse...

"o pessoal tem criatividade, tem condições de colocar um nome melhor, eu acho" meeeeeeeeeestre

Ulysses Dutra disse...

Grande Antônio

Obrigado pela linkagem e contribuição na luta.

Daí Piangers

Tu foi na jugular hein!

Um abraço camaradas