sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

"Só seu Francolino é quem sabia..."

Vilson Rosalino, superintendente da Fundação Franklin Cascaes - que deixou passar em branco o centenário daquele que batizou a Fundação Municipal de Cultura e maior pesquisador da cultura açoriana do litoral catarinense - tomou uma cacetada e tanto do Ademir dos Santos, funcionário da FFC que escreveu o seguinte texto "produzido com base em conclusões de reuniões e encontros informais com os atores culturais de Florianópolis", extraído do blog Sambaqui na Rede:

"Uma apreensão crescente toma conta do mundo da cultura de Florianópolis: o Sr. Vilson Rosalino quer permanecer mais quatro anos à frente da Fundação Franklin Cascaes !

Não bastasse a gestão medíocre e autoritária que desenvolveu nos últimos anos, reconhecida pela quase totalidade dos agentes culturais como um desastre; apesar de ter interrompido o diálogo com praticamente todos os segmentos culturais; além de despertar o desprezo da quase unanimidade dos funcionários por sua empáfia e prepotência, e de não contar com o respaldo de mais de meia dúzia de pessoas, ainda assim, não poupa esforços para se manter no cargo!

Este fenômeno humano, cuja contribuição à cultura para a cidade foi a participação em um grupo teatral nos anos 80 e a adaptação de uma lei de incentivo à cultura transposta para Florianópolis em 1991, quando vereador, na Superintendência da Fundação Franklin Cascaes se constituiu na maior decepção dos agentes culturais que o apoiaram e dos próprios companheiros do PPS que o indicaram. Ninguém poderia imaginar que um militante oriundo das fileiras do Partido Comunista Brasileiro, reconhecido pelas suas tradições humanísticas e democráticas, se tornasse um gestor tão autoritário, tacanho e mesquinho.

A atual gestão da Fundação sob o seu comando é, disparadamente, a pior dos 21 anos de existência desta entidade! A participação dela na vida cultural da Cidade tornou-se insignificante, uma sombra, se comparada ao que já foi no passado, na administração de Salim Miguel ou mesmo da Professora Lélia Nunes Pereira, por exemplo.

Inseguro, sem criatividade, preocupado mais em cortar gastos do que em ampliar os recursos quando se trata de projetos culturais, com o seu empenho, Florianópolis se tornou a capital do Brasil com o menor orçamento destinado à cultura. Sem liderança alguma para motivar quem quer que seja, o atual Superintendente, coadjuvado pelo seu Coordenador Administrativo Financeiro e algumas outras conivências, implantou uma gestão baseada na intimidação, no autoritarismo stalinista em relação aos funcionários e na ausência completa de diálogo com os segmentos culturais. O que de bom a Fundação (entenda-se o corpo técnico) produziu, produziu apesar deles!

Entretanto, tudo o que era possível para prejudicar os funcionários foi feito: desde o impedimento de participação em cursos de aprimoramento oferecidos pela própria Prefeitura, ao congelamento das gratificações; da transferência de pessoas com atestado de saúde ou padecendo de doença grave, à mudança de período de férias para que o funcionário não usufruísse dias de feriados a mais; ameaças, grosserias, tratamentos desrespeitosos tornaram-se freqüentes, resultando em abalos emocionais e, inclusive, em afastamentos da Fundação.

Os funcionários, que em outros tempos constituíam uma equipe em permanente interação, que trabalhavam satisfeitos, não recebem a menor consideração (são vistos como malandros, não confiáveis, incompetentes, sabotadores (!), etc., etc...). Assim como os cargos comissionados, tornaram-se meros tarefeiros, para os quais a discussão, a crítica, a criatividade estão proibidas. Não se promove o diálogo, a participação; cumpre-se ordens!

O autoritarismo e a centralização são de tal ordem que nestes últimos quatro anos nenhuma reunião geral de avaliação foi convocada pela Superintendência! Os setores trabalham de forma fragmentária, não sabendo um do que ocorre no outro! Os funcionários muitas vezes tomam conhecimento da programação cultural da Fundação pelos jornais! Nenhuma discussão pública sobre qualquer aspecto da cultura foi promovida pela Fundação! Ninguém sabe qual é a política cultural da Franklin Cascaes, quais suas metas e prioridades. O órgão municipal de administração da cultura aboliu o jornal que vinha sendo produzido desde a sua criação! Não possui um único boletim informativo!

Os artistas e produtores culturais da cidade em momento algum participaram de qualquer fórum para tratar da cultura em Florianópolis. Como constituem, entretanto, uma categoria de difícil mobilização, padecem individualmente de dificuldades enormes para serem atendidos, para poderem viabilizar os seus projetos, manifestando com pesar às pessoas em quem confiam a situação lastimável em que se encontra a gestão da cultura da capital do Estado.

Os funcionários, os artesãos, os artistas, os intelectuais, os produtores culturais são unânimes na avaliação do retrocesso, da mediocridade, da quase anulação do papel de uma fundação de cultura que esta superintendência e alguns assessores conseguiram efetivar em Florianópolis.

É quase inacreditável que alguém, tendo prejudicado tanto a cultura local, que não conte mais com o apoio de seus antigos companheiros de partido, que se encontre praticamente isolado, que não tenha e nem alavanque votos (pelo contrário), ainda assim, não poupe esforços para continuar sua desastrosa e nefasta gestão. Talvez só recorrendo aos estudos freudianos mais cavernosos ou às páginas kardecistas mais densas sobre espíritos obsessores, poder-se-ia tentar entender tal postura.

O fato de ter permanecido no cargo até agora é resultante de uma singular (e irrepetível, espera-se) conjunção de fatores que inclui equívocos, enganações e dissimulações, conveniências e carências, falta de mobilização dos setores culturais, omissões diversas ( incluindo a dos funcionários) e, com certeza, algumas forças obscuras, próprias deste universo cheio de mistérios e bizarrices.

Como nos tempos atuais estão em desuso as práticas exorcistas, o que todos esperam é que o Prefeito Dário Berger, cuja administração no seu conjunto recebeu, com a reeleição, uma aprovação contundente (apesar dos prejuízos causados por alguns dos seus colaboradores), no seu segundo mandato não permita a continuidade de pessoas incompetentes, destemperadas, incapazes de tratar com cortesia outros que não sejam autoridades; de pessoas que ao invés de motivar, utilizam métodos administrativos retrógrados e coercitivos, próprios dos regimes ditatoriais; de pessoas inaptas para criar sinergia e tornar Florianópolis uma cidade com uma vida cultural efervescente, democrática, que valorize as nossas tradições, estimule nossas potencialidades e esteja em sintonia com o que de melhor se produz em nível da cultura universal.

Para isto se faz imprescindível, além da mobilização da sociedade civil e dos segmentos culturais, o apoio dos órgãos de imprensa e dos formadores de opinião que acreditam no potencial de nossa terra e de nossa gente e compreendem a importância da cultura na melhoria da qualidade de vida da cidade, como fator de inclusão social e prosperidade econômica".


Nenhum comentário: