terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Chose de loque




"...Não acredito que a arte antecipe o futuro, ou seja lá o que isto for. O artista é apenas um investigador da vida e do mundo, construindo objetos verbais, visuais, táteis, sonoros - seus meios de conhecimento. Contumaz. O que o aproxima dos loucos.

O "futuro" está aqui e em todo lugar. Em sua obsessão investigativa, o artista, em algumas ocasiões, toma veredas e desvios, que nem mesmo ele sabe onde vão dar. Descobre-se em alguns lugares incógnitos, não-presenciados pelo vulgo, mas que estão aí, em toda parte. Isso deita luz sobre a aura de incompreendido que o cerca; às vezes, o condena. Mais tarde (anos, décadas ou mais), os outros acabam também chegando lá (ou aqui), por outros meios. Chamemos esses lugares de sítios-futuros ou sítios-indevassados, se for conveniente assim. E cola-se, no artista, o broche de visionário - no extremo, bruxo. Ele é apenas irremediavelmente inquieto.

O que caracteriza a personalidade artística, para além das esquisitices que lhe atribuem, é a obsessão. Um comportamento que, às vezes, lhe entrega, de bandeja, a excelência. É quando o artista pode ser feliz. O caçador finalmente diante da caça rendida e possuída. Não é de surpreender que alguns artistas sejam também compulsivos em procedimentos prosaicos de sua vida cotidiana: gula, alcoolismo, sexo etc. Atitudes que freqüentemente acabam matando-o ou imobilizando-o.

A arte não é visionária; ela se faz daquela curiosidade que nos transporta ao espaço-tempo para o todo presente - o que está na cara de quem busca ver e vê"...

Do filósofo Luiz Felipe Pondé, via Dilema Paulistano.


Um comentário:

jean mafra em minúsculas disse...

muito legal esse texto.