terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Futurismo presente


Destaco este interessante trecho da entrevista publicada no Link do Estadão com o alemão Gerd Leonhard, consultor em assuntos de conteúdo móvel, mercado de música digital e copyright para mais de quinze empresas como Google, BBC e Nokia. Na próxima quarta, ele vem ao Brasil para um evento fechado sobre o futuro da comunicação e da mídia social em São Paulo.


"O comportamento do consumidor de mobile é completamente diferente do que fazemos quando estamos presos a um fio no PC. A web agora é sempre on, está conosco no nosso bolso o tempo todo, e isso muda tudo. Nem tudo é só positivo, claro, e teremos que aprender a equilibrar os vários estímulos que virão com esse novo modo de conectividade. Mas basicamente, um consumidor conectado e nômade é algo realmente poderoso, de uma maneira completamente diferente de um consumidor localizado, desconectado. Tenho cinco previsões para a próxima década da mobilidade:


1. A propaganda móvel vai superar o modelo decididamente ultrapassado da Web 1.0, centrado no computador - e os anúncios vão se tornar conteúdo, quase completamente. Os anuncios vão, dentro de 2 a 5 anos, converter-se massivamente em móveis, baseados em geolocalização, opcionais, sociais e distribuídos pelo usuário. A propaganda se torna convergente - e o rendimento do Google será des vezes maior do que é hoje, em cinco anos, conduzido por mobile e vídeo.


2. Os tablets se tornarão a maneira como muitos de nós lerão revistas, livros, jornais e até "irão" a shows, conferências e eventos. O famigerado Apple iPad irá inaugurar isso, mas todas as grandes fabricantes farão uma cópia do iPad nos próximos 18 meses. Além disso, os tablets vão estrear a era da realidade aumentada em mobile. Isso será o grande boom das empresas de conteúdo, no mundo todo - mas só se elas puderem abandonar os esquemas de proteção do conteúdo, e cortar os preços em troca de uma base de usuários muito maior.


3. Muitos fabricantes de smartphones simples - provavelmente a primeira será a Nokia - vão tornar os aparelhos gratuitos, cobrando uma pequena taxa por todas as transações feitas pelos telefones (mais ou menos como os cartões de crédito fazem atualmente), por exemplo pequenas compras, conteúdo on-demand e acesso bancário. Os telefones móveis se tornam carteiras, bancos e caixas eletrônicos.


4. Boa parte dos celulares não vão funcionar em nenhuma rede em particular, ou seja, sem SIM cards. O Google, e talvez o Skype, a LG ou a Amazon vão oferecer telefones móveis que vão funcionar só com WiFi e WiMax, e vão oferecer ligações mais ou menos gratuitas. Isso deve finalmente acordar as operadoras e forçá-las a subir na cadeia alimentar - para produtoras de conteúdo e provedoras de "experiências.


5. O conteúdo será embutido nos contratos de serviço mobile, começando com música. Por exemplo, uma vez que seu telefone ou computador esteja online, muito do uso de conteúdo - baixado ou em streaming- será incluso. Pacotes e taxas únicas - muitas delas financiadas pela propaganda 2.0 - se torna o jeito principal de consumir e interagir com conteúdo. Primeiro (será com) música, então livros, notícias e revistas, e então filmes".

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