domingo, 31 de maio de 2009

Com retrato na coluna social

Recebi de um leitor censurado em outras plagas este texto sobre o polêmico maestro José Nilo Vale. Quem responderá as indagações finais?


Por Raul Perdigueiro


Maestro José Nilo Vale, da OSSCA, "vale" o quanto chora. E como chora, quer R$ 10 mil por mês do Governo do Estado para abrigar a orquestra. Ainda que com toda a sua benevolência, o secretário de Estado do Turismo, Cultura e Esportes, Gilmar Knaesel negou a proposta indecorosa. Se até dentro da secretaria o Maestro já é visto como uma presença incômoda, o mesmo não se pode dizer em outras instâncias, como a mídia.

Mas o maestro não gosta de falar, chora para não falar. Chora para receber, mas não presta contas sobre a sua gestão temerária, desafinada. Os músicos não recebem seus salários e a OSSCA está parada porque não tem dinheiro, não tem porque não pode receber do Estado diante das advertências do Tribunal de Contas do Estado que desde o ano passado bate na desorganização da administração da Ossca, mas também não leva adiante, como por exemplo, ao Ministério Público.

Só recapitulando, no mês de maio foi revelado o resultado da auditoria operacional do TCE sobre os mecanismos de incentivo à cultura do Governo do Estado. Dentre os 10 proponentes que abocanharam 55% de todo o dinheiro (R$ 25 milhões) investido pelo governo em projetos culturais no exercício de 2008 está a Associação Cultural Orquestra Sinfônica de Santa Catarina (AOSSCA), com R$ 1,1 milhão. E não poderia jamais recebê-lo porque sua situação legal é capenga.

Mas aí todos sentem pena do maestro, ele chora, é emotivo, pede para não se tocar no assunto, promete entrevistas bombásticas e some do mapa, enfim desafina na gestão e dissimula na prestação. Mas ninguém pensa nos músicos, muito embora eles também contribuiem em seu silêncio ao não tomar uma atitude e denunciar a questão ao Ministério Público e Delegacia Regional do Trabalho.

O problema é que isso envolve dinheiro público, nosso, que vai para o mesmo ralo do desperdício que mensalmente despeja milhões em lugares incertos e não sabidos. Daí não podemos levar a situação como um caso folclórico. Isso é de interesse da coletividade e como tal deve estará sujeito à lupa rigorosa da lei e suas instâncias fiscalizadoras, bem como as penas previstas para os casos de malversação do dinheiro público, para não falar o pior.

O que impede o Maestro Nilo de cumprir o seu dever e prestar contas sobre a sua orquestra? E o que impede o TCE, o governo do Estado e o MP de cobrar maior responsabilidade por conta da gestão da orquestra? Ou então que cessem já essa "ópera de bufa" com o dinheiro do Estado, afinal, só o maestro aplaude.

Aliás, ninguém percebeu o nome deste espetáculo: A Ópera do Malandro!

Nenhum comentário: