segunda-feira, 16 de março de 2009

Das rezas e das mandigas da lua

Uma vez que o Oscar Berent falou em lua, insistiu em lua, criou um caos desgraçado na sua rádio por causa da velhice da lua, lá vai alguma coisa com respeito ao folclore lunar. De fato, a lua foi muito respeitada na antiguidade, pois era a chave do calendário, era o relógio das plantações, era o sol dos namorados, era, afinal, uma porção de coisas; atualmente entretanto, apesar de continuar sendo tudo isto é mais uma coisa. Será o palco futuro do próximo desentendimento humano. Isto podem estar certos; ora se podem. Esperem, vivam e verão. Mas a lua tem coisa... O admirável contista Péricles Prado, do Cão Jerônimo, diz que descambou para as pesquisas de magia e de alquimia porque observou certas influências lunares sobre as coisas; já o saudoso Gilberto Fontoura Rey, poeta e artista plástico, só tomava dos pincéis na lua cheia e passava o tempo todo me azucrinando para estar em dia com as efemérides lunares; o Domingos Fossari, grande caricaturista, só traça na lua nova; diz que nesses dias tem mais inspiração.

E foi por causa deste e outros que criei um refrão: Cada louco com a sua fase da lua. Quanto a mim há de certo: Quando a lua entra em escorpião o meu rim começa a dar coices. Portanto, a lua é importante, queiram os bobocas sabichões ou os idiotas da objetividade, como diz Nélson Rodrigues, ou não; creiam os de cultura livresca ou não, a lua lhes atua na cuca e por isto dizem tanta bobagem. Mas isto é folclore e vamos a ele.

Conheço umas tantas rezas de lua. há uma para afastar os chatos; há outra para matar as criaturas indesejáveis, bicho ou gente; há outra para ganhar dinheiro; há mais outra para achar coisa perdidas; há mais para fazer revelar traidores; outra ainda para prender ladrões. É grande o repertório. Mas boazinha é esta:

Lua cheia tão brilhante
que do céu tudo aqui vês
Fecha a porta a diamante
E faz o ladrão ver três. Dizem que o larápio que recebe esses influxos vê gente parada na porta da casa e se manca.

Mas como este mundo é cachorro mesmo, há a oração da lua para ladrões; para espantar certamente aqueles três que ele poderá ver. Mas não vou ensinar não; já tem mãos leves, esperto, larápio, gato, rato que chega por aí sem reza mesmo dando trabalho à polícia. Agora as mandingas não inúmeras, sem conta mesmo. As ritualísticas passam de mil. Cada uma de fazer gosto. Mas vamos a umas duas ou três.

Jogar um punhado de sal na direção da lua cheia e formular um desejo ele é realizado; há o oposto para fazer mal, mas não vai ter não; a macacada que se manque.

Depois, há aquela de prender namorado:

Luazinha fraca, vazante
Que vais caindo pro mar
Vaza os olhos de fulano
Pra ele só me enxergar.

Isto tem que ser feito às 6 horas da tarde na lua nova.

Mas há aquela de ganhar no jogo:

Lua toma este dinheiro
Corre mundo para voltar
Faz este meu companheiro
Mil vezes multiplicar.

Está é dita à meia-noite, com lua cheia e se joga uma moeda na direção da lua e... pode ser que algum limpo a encontre no outro dia. Dizem que vale para a loteria esportiva, para pif-paf, para loteria federal; mas há outras catimbas com a lua que depois eu conto. Mas um recado pro Oscar Berent, e outros da paróquia que andam tardiamente: Nunca olhem a sombra projetada pela luz da lua no chão depois da meia-noite; dali, dizem se levanta o cão. É folclore.



Por Amaro Seixas Netto, jornalista, poeta, metereologista, astrônomo, escritor, astrólogo e estudante do oculto em artigo publicado no jornal O Estado, em 29 de julho de 1971. Daqui.

Um comentário:

Anônimo disse...

quero deixar aqui uma oração veja como deus se move faza esta oração e verá.
senhor te amo e nescessito de ti estas comigo em meu coração abencoe minha casa minha familia minhas finanças e os meus amigos .
em nome de jesus ;amém