sábado, 18 de outubro de 2008

Fela 70


Vivo fosse Fela Kuti completaria 70 anos na última quarta-feira, 15 de outubro. Pai do afrobeat, estilo que misturava guitarras à la James Brown com ritmos afro-funks e a metaleira em brasa, foi além de um músico inovador, ativista político.

Filho de um pastor protestante e sindicalista e de uma militante feminista, Fela Anikulapo Ransome Kuti nasceu na Nigéria e mudou-se para Londres em 1958 com o intuito de estudar Medicina mas acabou se matriculando numa faculdade de música. Ainda na Inglaterra criou um grupo, o Koola Lobitos, onde começou seus experimentos que misturavam o jazz americano com o highlife africano e retornou para a Nigéria.

Lá reformou a banda e em 1969 foram todos para os Estados Unidos onde Fela conheceu os Panteras Negras que influenciariam sua música e filosofia. Rebatizou a banda para Nigeria 70. Foram denunciados à Imigração por um empresário e deportados para a Nigéria.

De volta à Mama Africa, o músico renomeou a banda novamente, dessa vez para Africa 70 e montou uma comuna e estúdio de gravação, a República Kalakuta, que ele declarou, mais tarde, independente da Nigéria.

Peitando diretamente o regime militar instalado na nação africana em músicas com mensagens agressivas e ritmo hipnótico do afrobeat, ele comprou uma bronca imensa. O exército invadiu em 1977 a República Kalakuta e o espancou à vera, além de jogarem sua idosa mãe de uma janela, causando a morte da senhora. Tudo foi incendiado, casa, estúdio, gravações e Fela só foi salvo pela intervenção de um oficial, segundo ele mesmo.

Em resposta enviou o caixão da mãe ao quartel principal do exército em Lagos. A dor foi destilada nas canções "Coffin for Head of State" e "Unknown Soldier".

A história de Fela vale a pena ser conhecida.


Foto: sweetartville

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