sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

Quantos lados tem uma Moeda Verde?

Falando em ocupação urbana desordenada, Cacau Menezes colocou no ar hoje em seu espaço do Jornal do Almoço, imagens da favela do Siri, em Ingleses. A região é o lado B da propaganda que mostra a nossa cidade como o paraíso. Tem que ter alguém para carregar os tacos de golfe não é?

Mas o que eu queria mesmo falar, é que Cacau também mostrou umas fotos enviadas por um telespectador que flagrou um barraco construído num terreno baldio no Kobrasol. Tá lá no blog dele também.

Sorry mas o amigo Aleph já tinha dado o furo no seu blog, o Bruxismo. Com um viés todo dele e bem interessante. Saca só.



Hoje à tarde encontrei esta bela residência em um dos poucos terrenos livres aqui no Kobrasol. Enquanto prédios altos nascem da noite para o dia, este cavalheiro parece ter resolvido seu problema de moradia com uma solução simples e ecológica. Eu havia passado pelo local um pouco mais cedo e fiquei encantado pela arquitetura da edificação. Cheguei a pensar que era uma obra de arte, uma instalação dessas milionárias que costumamos ver nas bienais. Voltei lá hoje à tarde e falei com o proprietário, o cavalheiro de costas, que preferiu não mostrar seu rosto na foto. Pedi a ele para documentar sua obra e ele permitiu sem contestar. Ainda me deu a honra de uma rápida entrevista:

Bruxismo: Ótima a sua casa, hein?
Proprietário: Sim, sim.
B: É inacreditável a quantidade de materiais de qualidade que as pessoas jogam fora. E não chove dentro dela?
P: Não. Coloquei plástico em cima.
B: Ninguém te incomodou aqui até agora?
P: Não.

Minha última pergunta dizia respeito aos curiosos, como eu, que irremediavelmente iriam incomodá-lo em relação à arquitetura de sua obra, nada mais. Afinal o terreno estava livre, sem uso e já entulhado com a matéria-prima que ele utilizou. Nada mais justo do que montar seu belo mosaico. Nem todo mundo está preparado para soluções tão imediatas assim e provavelmente ele deve estar se esquivando dos impostos e outras prisões do sistema. Mas ele não deve dar muita importância para essas coisas, como percebi em sua resposta para a última pergunta.


4 comentários:

Anônimo disse...

Eu acho justo alguém se apropriar de um terreno, se não tem pra onde ir. Os órgão devem tira-lo de lá, mas que consigam uma outra moradia pra ele.
Não acho nada interessante ironizar uma necessidade de vida, agora, com certeza, as malditas fotos jogarão o rapaz no olho da rua.

Guesser

Anônimo disse...

Ironia?? Onde? Quer dizer que não posso achar uma obra de arte a casa do rapaz? Você não acha? Leia com mais atenção meu texto para ver quem e o que estou ironizando. E a propósito, se você passar pelo local, verá que o rapaz já está "no olho da rua", não são as fotos que vão mudar a situação dele. Tava olhando o comentário do cara que mandou as fotos pro Cacau e ele parece assustado com a construção do “barraco” bem no meio do Kobrasol. Bem, por certo ele prefere que o “barraco” fique bem longe dos olhos dele, lá do lado da Via Expressa, para que ele não fique envergonhado com as visitas.

Anônimo disse...

Tem outro detalhe que vale frisar: este terreno onde ele construiu sua residência já continha toda a matéria-prima que ele utilizou, era um depósito de entulho há muito tempo. Provavelmente havia até ratos por lá. Mas só começou a incomodar quando um humano (ohhhh) passou a habitar o local.

Anônimo disse...

Desculpe, não quis ofender, só que pra mim parece ironia.
Você disse que "chegou a pensar que era uma obra de arte", por isso, acredito, pra você não é uma obra de arte.
Pra mim, desde a primeira vista, se tratava de uma extrema necessidade.
De qualquer forma, desculpe.